sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Candidatos a cães-guia barrados no Metrô


Por enquanto, eles não passam de uns filhotes fofos e brincalhões. Mas estão a caminho de uma missão: tornarem-se cães-guia. Dezenove cachorros estão participando de um projeto do Sesi-SP para guiar deficientes visuais. É a primeira vez que uma quantidade como essa de cachorros é treinada de uma única vez.
Mas os animais, que estão em fase de socialização, têm enfrentado algumas dificuldades: estão sendo barrados no Metrô e alguns estabelecimentos comerciais, embora a entrada deles seja garantida por lei.
O Projeto Cão-guia do Sesi, que começou no mês passado, tem três fases. A primeira e atual, é a socialização dos animais. Famílias acolhedoras cuidarão deles por um período de cerca de um ano. Ao todo, 32 cães serão treinados e doados.
Nessa primeira etapa, os animais têm de circular o máximo possível, convivendo com a cidade e com as pessoas.
“É uma fase muito importante, a qual chamamos de urbanização, quando eles conhecem as calçadas, as ruas, as motos, os carros, enfim, todo o ambiente urbano”, explica Sandra Buncana de Camis, de 54 anos, adestradora e parceira do projeto.
Entretanto, algumas famílias têm sido barradas. “Dois seguranças do Metrô me intimidaram, chegaram a segurar meu braço, dizendo que não era cego e por isso não poderia andar com o cachorro no Metrô”, afirma Luciano Belocchi, de 41 anos.
O idealizador do projeto, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Sesi-SP, Paulo Skaf, diz que estão sendo tomadas medidas para resolver o problema.
Uma delas é enviar cartas ao Metrô, a empresas de transportes, a entidades como Associação Paulista de Supermercados, Associação de Bares e Restaurantes, entre outras, explicando o projeto. “Também penso em uma reunião com essas entidades.”
Ele afirma que até no prédio da Fiesp os cães foram barrados quando chegaram pela primeira vez com os funcionários da entidade que estão atuando como famílias acolhedoras.
Skaf diz que já está atuando com a Secretaria Estadual da Segurança Pública para que os nomes das famílias acolhedoras fique no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). “Se elas tiverem algum problema, acionam a Polícia Militar e os policiais, já informados de que elas participam do projeto, orientem para que os cães tenham acesso, como garante a lei.”
A assessoria do Metrô informou que reforçou que funcionários das estações permitam o acesso dos filhotes em socialização.
Depois dessa fase, as famílias entregam os cães para os treinadores. Eles passarão por treinamento que deverá durar em torno de seis meses.
Depois, serão doados para os deficientes visuais que trabalham na indústria. O projeto é de R$ 1 milhão, sendo que cada cão custa em torno de R$ 28 mil.
Estadão

Nenhum comentário: