quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aos mestres sem carinho

Leio na internet que professores da rede pública estadual mineira se acorrentaram a um monumento em uma praça de Belo Horizonte e ali fazem greve de fome para exigir que o governo do Estado (PSDB) lhes pague o piso nacional determinado por lei federal.

Há não muito tempo, em São Paulo, os mestres foram à rua aos milhares protestar por salários decentes. O governo do Estado (PSDB) atirou sua polícia hidrófoba contra manifestantes que foram espancados sem dó nem piedade, como se fossem criminosos.

O salário que o governo mineiro não quer pagar a esses professores revoltosos é de pouco mais de mil reais – não é brincadeira, o valor é esse mesmo!

Repito aqui, portanto, uma história que já contei, mas que precisa ser contada tanto quanto possível na esperança de que sirva para indicar aos professores um caminho, já que os pais dos alunos da escola pública vivem no mundo da lua.

À época da última paralisação de professores paulistas, uma de minhas filhas hospedava uma amiga francesa, professora universitária que veio ao Brasil em intercâmbio com a USP. Quando a moça soube que haveria manifestação ali perto (minha filha mora perto da avenida Paulista), quis ir ver.

Quanto ao tamanho da manifestação, achou extremamente pequena para um país deste tamanho, apesar de ter reunido dezenas de milhares de docentes. Mas o que mais a espantou foi não ter visto os pais dos alunos e os próprios unidos aos mestres no protesto.

Celine, a jovem docente francesa, comentava que se os professores da rede pública de seu país fossem mal pagos como os do nosso os pais dos alunos quebrariam tudo e paralisariam o país, pois lá quase todo mundo estuda em escola pública, como aqui.

Paulistas, mineiros, enfim, o povo de todas as unidades da federação não se revolta contra os governos estaduais e municipais. A mídia, que no Brasil é toda de direita, não estimula os pais dos alunos a apoiarem os professores porque eles são sindicalizados e a direita odeia sindicatos.

Em vez de os professores saírem sozinhos à rua enquanto a mídia entrevista madames motorizadas e revoltadas com os manifestantes porque pararam o tráfego – obviamente porque têm seus filhos na rede privada de ensino –, deveriam conscientizar os pais dos alunos.

Uma paralisação das redes públicas estaduais e municipais que reunisse professores, alunos e mestres obrigaria esses governos irresponsáveis a investirem de verdade em Educação, porque dinheiro há. Mas é mais fácil contarem com a mídia para demonizar os professores.

A imprensa fica ao lado de governadores corruptos e irresponsáveis como os de São Paulo e Minas Gerais porque compram publicidade oficial ou assinaturas da Veja, do Estadão, da Folha, do Estado de Minas etc. E o futuro do país que se dane.

Não adianta professores se acorrentarem a monumentos e fazerem greve de fome para ganhar pouco mais de mil reais. Têm que começar a preparar paralisação que conte com pais dos alunos. Aí quero ver o Alckmin ou o Anastasia mandarem suas polícias agredi-los.

Se você quer combater a mídia que ajuda a manter a Educação brasileira nesse estado, adira ao ato público que o Movimento dos Sem Mídia fará no Masp, em São Paulo, no próximo sábado, às 14 horas.
Eduardo Guimarães   Blog da Cidadania

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