terça-feira, 29 de maio de 2012

Ver fenômenos na prática contribui para estimular o gosto pelas ciências

Professor Hernán Mosttajo, do Observatório Itinerante Bioastronômico Cosmos, segurando um globo lunar, material educativo com mapeamento de toda a superfície da lua 
É possível despertar o interesse das crianças pelas ciências? Sim, oferecendo oportunidades para que elas possam ver os fenômenos na prática, afinal, ficar só ouvindo o professor falar não é muito atraente para a maioria dos alunos. No Rio Grande do Sul, muitos estudantes estão aprendendo brincando com o projeto Astronomia na Escola, realizado desde 2003 pelo Observatório Itinerante Bioastronômico Cosmos.

A equipe do projeto vai até às instituições de ensino e encanta os jovens com atividades diversas, como exposições, cinema espacial, oficinas de astronomia e lançamento de foguetes de água feitos com garrafas pet. De acordo com o professor Hernán Mosttajo, o projeto começou pequeno, atendendo apenas cinco ou seis municípios, mas o sucesso foi tão grande que atualmente o Astronomia na Escola marca presença em 40 municípios e já recebe pedidos de colégios de outros estados.

“Adquirimos um acervo grande, cheio de itens que despertam o interesse das crianças, como telescópios, rochas meteóricas e trajes da Nasa. Fazemos palestras lúdicas e temos até fantoches de cientistas. O aluno aprende mais e melhor quando consegue enxergar os processos, quando pega um telescópio na mão – em muitos museus ele não pode sequer tocar nos objetos”, diz.

O observatório, que é itinerante, ganhará em breve uma sede fixa na cidade de Itaara, no Rio Grande do Sul. “Temos um acervo de museu e agora estamos finalizando a construção do observatório fixo com cúpula astronômica eletrônica, o único do interior do estado. Escolhemos Itaara porque é uma cidade pequena, sem poluição visual, localizada no alto de uma serra a 440 metros do nível do mar – condições ideais para observar o céu”, revela Mosttajo.

Por que a maçaneta fica longe da dobradiça da porta? Por que diminuímos o fogo quando a água começa a ferver? Os professores que participam do programa ABC na Educação Científica já estão aptos a desvendar esses mistérios para os alunos. Conduzido pelo centro de atividades Estação Ciência da Universidade de São Paulo (USP), o projeto foi inspirado em um programa francês e tem como objetivo ajudar as crianças a aprender sem decorar.

"O ABC da Educação existe há dez anos e faz parte de uma parceria da universidade com secretarias de educação estaduais e centros de ciências como a Fiocruz. Treinamos formadores e eles vão até às escolas treinar os professores. Os resultados são muito positivos, já fizemos avaliação por meio de depoimentos de pais e professores, que viram reflexos benéficos até em outras disciplinas. O ensino de ciências é muito importante para formar cidadãos conscientes, que não engulam tudo que apresentam para eles", ressalta o professor Diógenes Campos, coordenador nacional do programa.

A professora Raquel de Almeida Silva, diretora adjunta da Escola Municipal Afonso Várzea, em Inhaúma, no Rio de Janeiro, já sente a diferença nos alunos que participam do projeto Cientistas do Amanhã. “Depois que começaram a fazer experiências e trabalhar com método investigativo, o desempenho das crianças melhorou”, comemora a diretora.

O Cientistas do Amanhã existe desde 2009 e atende mais de 80 mil alunos e 2000 professores de comunidades em situação de risco. Os alunos recebem livros, vídeos e material de investigação, o que torna as aulas mais divertidas e interessantes. “Cada tema, como água, ar, clima é trabalhado por três meses, uma vez por semana, e os professores recebem capacitação. As crianças ficam mais atentas ao mundo ao redor e pensam até em alternativas para melhorar o ambiente onde vivem. Isso é muito importante para nós, já que a escola fica no Complexo do Alemão”, explica a diretora.

Os alunos da rede estadual de ensino também têm oportunidade de exercitar o pensamento científico, por meio da Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas (OBFEP). Em 2010 e 2011, o programa aconteceu em caráter piloto, em seis estados e, a partir deste ano, passa a ser permanente da Sociedade Brasileira de Física (SBF). Destinado ao Ensino Médio e ao último ano do Ensino Fundamental, o projeto tem como objetivo despertar o interesse pela física e pelas ciências, e aproximar as universidades, institutos de pesquisa e sociedades científicas das escolas públicas, além de identificar estudantes talentosos e incentivar seu ingresso nas áreas científicas e tecnológicas. Para estimular a participação, a OBFEP oferece inscrição dos dez primeiros alunos da OBFEP nas Olimpíadas Internacionais de Física com treinamento no Rio de Janeiro e em São Paulo; bolsas de estudo, através da Fundação Estudar, para os melhores alunos, incluindo curso de inglês; e 200 bolsas do Programa de Iniciação Científica Junior - PIC - Junior pelo CNPq para os alunos escolhidos pelas coordenações. As inscrições para edição 2012 da OBFEP já terminaram, mas você pode clicar
aqui para obter mais informações e começar a se preparar para o ano que vem.G1

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