terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Rio confirma primeiros casos de dengue tipo 4 e espera nova epidemia da doença



A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio informou hoje (31) que foram confirmados na semana passada os seis primeiros casos de dengue do tipo 4 nas zonas norte e oeste da capital fluminense. Na mesma semana, foram notificados 21 casos pela secretaria, totalizando 1.234 este ano. Já a Secretaria Estadual de Saúde informou que foram notificados em todo o estado 2.711 casos da doença, número que não inclui os casos registrados no município do Rio.

De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde da prefeitura do Rio, Márcio Garcia, nos locais onde foram identificados o vírus tipo 4, as ações de combate ao mosquito transmissor da dengue foram intensificadas, com a finaliade de evitar a propagação da doença.

“A cada semana a gente vem reavaliando as nossas ações e fazendo todo um planejamento baseado nos resultados de forma a intensificar as ações de controle vetorial [do mosquito transmissor], de mobilização e de educação em saúde nas áreas de maior transmissão da doença”, explicou.

Ele acredita que a notificação da presença do vírus tipo 4 no município só reforça a possibilidade de uma nova epidemia de dengue na cidade. “Nós já estávamos preparados para a presença da dengue do tipo 4, isso só faz fortalecer a nossa expectativa de viver uma grande epidemia no ano de 2012”.
EBC

Europa/Irã: quem semeia ventos...


...ouve o que não quer!

É o que aconteceu com város ministros de Relações Exteriores que, amadoristicamente, resolveram dizer que aumentavam a pressão econômica sobre o Irã porque essa era uma maneira de evitar a possível agressão armada israelense contra aquele pais.

Além de não evitar coisa nenhuma, mas apenas ceder a uma chantagem, o corolário foi um tiro no próprio pé: suspender as importações de óleo bruto do Irã a partir de 1º de julho. A Grécia foi a primeira a gritar: sem esse petróleo, ela afunda de vez.

Ao mesmo tempo, o restante da Europa lhe sonega ajuda, ameaçando não lhe remeter a próxima parcela desta, caso não chegue a um acordo com os bancos privados credores. A chanceler Angela Merkel pede calma aos desesperados gregos e ao resto do mundo que, do Japão à América Latina (de leste para oeste, atravessando o mundo), arranca os cabelos diante da recessão "auto-feliz" da Europa.

Ora, o Irã fez o que devia fazer: está em discussão no seu Parlamento a proposta de, se a Europa quiser suspender as importações de petróleo a partir de 1º de julho, suspender as suas exportações para o Velho Continente desde já. Ou seja, sem disparar um tiro - o que lhe atrairia a ação da 5ª Frota Naval norte-americana estacionada no Bahrein, do outro lado do Golfo Pérsico - o Irã está fechando o estreito de Ormuz para a Europa inteira - o que pode ter efeitos catastróficos para o mundo europeu e o nosso também.

É no que dá brincar de política externa.

Em relação ao Irã, no Ocidente vai-se alegremente no caminho da guerra, numa situação que lembra a da Primeira Guerra Mundial. Ninguém acreditava no conflito, nem na sua proporção. Mas ele ocorreu, e mudou a face do mundo. E para pior, apesar do fim dos grandes impérios do passado.
Rede Brasil

Olha o nosso dinheiro indo pro ralo!

Sem infraestrutura, laptops ficam guardados em escola de Brasília
Participante do projeto Um computador por aluno, o Centro de Ensino 10 da Ceilândia não tem internet para os computadores


A direção do Centro de Ensino 10 da Ceilândia, cidade da periferia de Brasília (DF), ficou animada quando soube que a escola tinha sido escolhida para participar do programa Um Computador por Aluno (UCA), do governo federal. A expectativa era que os laptops que seriam distribuídos para cada um dos 470 estudantes de ensino fundamental pudessem mudar o dia a dia em sala de aula.

Mas o equipamento que tinha potencial para transformar o projeto pedagógico se tornou mero coadjuvante em função das dificuldades estruturais. A internet é muito lenta e não suporta um grande número de acessos simultâneos. Por isso as turmas precisam fazer um “rodízio” e os computadores passam a maior parte do tempo trancados dentro do armário. Em algumas turmas os alunos só usam a máquina uma vez por semana.

Além da internet lenta, outra falha estrutural dificulta a utilização dos laptops: faltam armários nas salas de aula para guardar os equipamentos. No projeto original, cada sala seria equipada com armários específicos para acomodar os computadores. Mas os móveis nunca chegaram e por isso a escola armazena quase metade dos equipamentos recebidos em um armário que fica no laboratório e tem cadeados para garantir que os aparelhos não sejam furtados. Com isso, as máquinas que eram para ser de uso individual são dividas pelas turmas do turno da manhã e da tarde.

“Nós tivemos que fazer algumas adaptações. Como não tínhamos onde guardar, nós pegamos parte dos computadores e deixamos no armário que tem cadeado. No começo todos os dias nós trazíamos do laboratório para a sala de aula e devolvíamos no final, mas a gente perdia muito tempo nesse trânsito. Por isso pelo menos 100 computadores dos 470 que recebemos ficam guardados lá sem uso”, explica a supervisora pedagógica, Cláudia Sousa.

No Distrito Federal, apenas sete escolas foram beneficiadas pelo programa do Ministério da Educação (MEC). À Secretaria de Educação do DF cabia o apoio técnico para que o projeto estivesse em pleno funcionamento. Mas a escola ainda não conseguiu contar com o órgão para resolver simples problemas como o dos armários. Cláudia acredita que as dificuldades impedem que o projeto seja explorado em todo o seu potencial. Segundo ela, a experiência é, às vezes, frustrante – tanto para professores como para alunos.

“Acho que poderia ser muito mais rico. Tem dia que a internet não funciona e às vezes o professor preparou uma aula e sai todo mundo frustrado porque o trabalho não pode ser feito. O professor, na verdade, tem a faca e o queijo na mão porque embora alguns tenham resistência ao uso do computador, os alunos caminham com as próprias pernas. Só que a gente esbarra nos problemas”, diz.

Nova fase
O UCA já está passando por uma segunda fase. Agora, os laptops não são mais distribuídos pelo MEC, mas podem ser adquiridos por prefeituras e governos estaduais, com recursos próprios e a preços reduzidos. O diretor de Formulação de Conteúdos Educacionais da Secretaria de Educação Básica do MEC, Sérgio Gotti, alerta que se não houver a infraestrutura necessária para apoiar o projeto, a compra dos computadores vira “um tiro no pé”.

“A aquisição pelos estados e municípios tem que ser uma escolha muito consciente. Se as escolas não têm estrutura suficiente para suportar, não têm conectividade, ele [o laptop] não vai ser trabalhado dentro de todo o seu potencial. Eles não ficam encostados porque, de alguma forma, são utilizados, mas acaba que você não tem o efeito desejado”, diz.

Mesmo com as dificuldades, Cláudia conta que o impacto do UCA no aprendizado é positivo. Os alunos ficam mais motivados porque têm outra ferramenta à disposição além dos livros e do quadro negro. “No dia do UCA ninguém falta”, diz. Cada professor escolhe como e quantas vezes por semana irá utilizar os laptops – com exceção da internet que segue um cronograma de uso para cada turma. Os alunos fazem pesquisas sobre os conteúdos que estão sendo desenvolvidos em sala ou brincam com os jogos educativos que já vêm instalados na máquina.

“A gente costuma entrar nos jogos ou pesquisar imagens. Mas antes tem que mostrar para a professora porque ela tem medo que a gente entre em site de namoro”, conta a aluna Mariana Santos, 9 anos, aluna do 4° ano do ensino fundamental . “Ele [o computador] é muito lento, o da minha casa é mais rápido. Mesmo assim, a gente queria usar mais na sala de aula”, completa a aluna.

O secretário de modernização e tecnologia da Secretaria de Educação do DF, Luiz Roberto Moselli, avalia que foi um “erro” não garantir a infraestrutura necessária ao projeto na época em que os computadores foram entregues. Segundo ele, o órgão começará em 2012 um projeto para garantir a conectividade em 100% das escolas, com velocidade maior do que atual.

“Estamos fazendo um plano diretor de informática para inserir a tecnologia na educação de forma bastante ambiciosa”, diz. De acordo com ele, o pedido dos armários já foi feito, mas como as peças serão fabricadas sob medida, o CEF 10 da Ceilândia começará o ano letivo ainda sem os móveis, que devem chegar até o fim do primeiro semestre.

Aroeira - Charge do Dia

O Dia

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sem mentira


A Educação é um processo de acúmulo de conhecimento, não de consumo de aulas. Mas, as salas de aula de nossas faculdades estão parecendo restaurantes, onde se consomem aulas. 
    Pela baixa qualificação dos alunos, o aumento nas vagas do ensino superior não trará o resultado desejado. Elas fracassarão como construtoras de conhecimento de alto nível.

         A solução não está na volta ao passado elitista, quando raríssimos jovens entravam em faculdades. A solução está no avanço, pelo qual todos que desejem um curso superior tenham tido um Ensino Médio com qualidade e possam cursá-lo com a base educacional que os tempos atuais exigem.

         Nos últimos 20 anos, o número de vagas no ensino superior cresceu 503%, mas o número de jovens concluindo o ensino médio cresceu apenas 170%, e certamente sem melhora na qualidade. São 2,6 milhões de vagas no ensino superior para 1,8 milhão de concluintes do Ensino Médio. Ao invés de 10 a 15 candidatos por vaga, são 2,3 vagas por candidato. Mesmo considerando a necessidade de vagas para antigos concluintes do ensino médio, esta diferença é uma distorção absurda e trará graves conseqüências na formação universitária no Brasil, ficando impossível ter boas universidades e faculdades, pois um bom ensino superior depende de uma boa educação de base. Eliminou-se o elitismo da falta de vagas, mas manteve-se o elitismo econômico e as boas e grátis universidades para os alunos que puderam pagar por boa educação de base.

         Corretamente, os últimos governos criaram vagas, mas pouco fizeram para que toda criança tenha acesso à escola de qualidade. O governo Lula criou o PROUNI, que paga a mensalidade dos carentes, que, por falta de bom ensino médio, não ingressam nas públicas. Abandonamos a busca da construção de uma elite intelectual, sem destruir o elitismo social. Assim não acumulamos conhecimento, consumimos aulas.

         Além de mais vagas em faculdades é preciso promover uma formação de qualidade para todos na educação de base. Isso exige uma revolução, não apenas um II Plano Nacional de Educação, possivelmente tão irrelevante quanto o I PNE. Esta revolução só será possível se fizermos da Educação de Base uma questão nacional como já fizemos há décadas com o Ensino Superior.

         Esta revolução se faria por meio de uma Carreira Nacional do Magistério e de um Programa Federal de Qualidade Escolar em Horário Integral. Por esta nova carreira, os professores e os servidores da educação seriam contratados por concurso público federal; receberiam um salário mensal de R$ 9 mil, depois de um ano de curso adicional, posterior ao concurso; a estabilidade não protegeria os que não se dedicarem com exclusividade e competência a seus alunos. Esses professores seriam lotados nas mesmas cidades; todas as escolas dessas cidades seriam federalizadas, como hoje se faz com as 300 escolas federais; e todas as escolas teriam prédios bonitos, confortáveis e seriam equipadas com os mais modernos equipamentos da pedagogia, com os quais todos os professores estariam familiarizados. Esta proposta está desenvolvida em detalhes no livro "A Revolução Republicana na Educação", que pode ser obtido gratuitamente pelo linkhttp://bit.ly/ukvvGJ.

         Um programa como esse pode ser iniciado de imediato, mas demora a ser implementado em todo o país, sobretudo por falta de recursos humanos em quantidade. A solução é executá-lo por cidades. Pode-se imaginar que o novo quadro de professores incorporaria cem mil professores a cada ano, sendo lotados em 10 mil escolas, em 250 cidades de porte médio, atendendo cerca de três milhões de alunos. A revolução se faria de imediato nessas cidades, e em todo o Brasil levaria 20 anos. Ao longo desse período, o novo sistema de escolas federais iria substituindo o sistema tradicional municipal ou estadual. Ao final de 20 anos o custo total estaria em 6,4% do PIB.

         Esta revolução foi iniciada no final de 2003, em 28 pequenas cidades, e interrompida antes mesmo de ser implementada. A posse de um novo ministro pode ser o momento para iniciar a execução dessa proposta que em 2003 recebeu o nome de Escola Ideal. Com ela, contaremos todos com uma educação de base qualificada e teremos a possibilidade de um sistema de ensino superior de qualidade, no qual as vagas sejam disputadas sem discriminação social, em vez de oferecidas com discriminação social. Teríamos o bom elitismo, intelectual, com a mesma chance para todos, como no futebol. E sem mentira.

*Cristovam Buarque é professor da UnB e senador do PDT-DF.

Cabral, o idiota

Cabral não faz apenas cara de idiota, ele é um idiota
O idiota tem todo o direito de o ser, só não pode querer que todo mundo o acompanhe na sua escolha. Às vezes fico achando que Cabral pensa que idiotizou a mídia brasileira e a população do estado.

É bom algum assessor cuidadoso lembrar ao governador que mesmo a blindagem mais eficiente não acontece 24 horas por dia, ano após ano. E mesmo a proteção mais eficaz um dia falha, que o diga o ex-primeiro Ytzhak Rabin, que com toda proteção da eficiente polícia secreta israelense, Mossad, acabou esfaqueado quando saía de uma reunião. 

Cabral abusa da opinião pública, afronta a inteligência e dá um tapa na cara da imprensa, por se julgar acima do bem e do mal. Vai a Paris como um cidadão comum vai ao banco somente para conferir o saldo da conta e volta pra casa. Se ele não fosse governador até teria o direito, mas como homem público deve explicações. Suas viagens já fizeram várias vítimas, mas daqui a pouco podem assassinar a sua já combalida trajetória política. Aliás, a primeira vítima das viagens de Cabral foi a liberdade de imprensa. O jornalista Dácio Malta foi demitido de O Dia por noticiar na coluna que tinha no jornal uma viagem de Cabral e sua esposa, com seu secretário e braço-direito Régis Fichtner e esposa, em avião fretado com destino ao paraíso dos milionários no Caribe, a ilha de Saint Barth. Isso logo no primeiro ano do seu governo, após carnaval. 

Acho que Cabral ficou assim depois que a mídia ficou silenciosa e parou de perguntar onde arrumou dinheiro para comprar uma mansão paradisíaca em Mangaratiba. Todo mundo achou conveniente acreditar na historinha que ele inventou para justificar os rendimentos extras. Como presidente da ALERJ prestava assessoria à empresa de comunicação do jornalista Rogério Monteiro. Grande jornalista Sérgio Cabral Filho! Ele costuma dizer que costura suas alianças por cima das redações, com os donos de jornais. Pode ser, a ditadura também fazia assim. Mas devia pegar uns conselhos com seu pai, que como bom sambista sabe que um dia a casa cai. Imaginem vocês que o nosso governador-turista nesses cinco anos à frente do cargo disse coisas que estariam no rol das pérolas da política brasileira, não fosse a proteção que lhe é dada pelos meios de comunicação. Vamos relembrar algumas delas. 

Do nazista Adolf Cabral Hitler: “As mulheres grávidas das favelas são fábricas de fazer marginais. Deveriam fazer aborto” 

Do presidente João Cabral Figueiredo: “Esses médicos são uns vagabundos. Não gostam de trabalhar” 

Do general Newton Cabral Cruz: “Esses bombeiros são uns vândalos, Estão todos presos” 

De Eremildo Cabral, o idiota, personagem de Elio Gaspari: “O desmoronamento podia ter tido dimensões mais graves se tivesse ocorrido no horário comercial” 

Do legendário personagem infantil Pinóquio Cabral: “Sinceramente, estou arrependido de ter viajado nos aviões de empresários que prestam serviços ao Estado. Não farei mais isso. Prometo e editarei um Código de Ética sendo o primeiro a dar o exemplo” 

De Paulo Cabral Maluf: “Não acho nada demais minha esposa ter como clientes empresas que são concessionárias de serviços públicos, como Metrô e a Supervia. Todos escolheram o escritório de Adriana não porque ela minha mulher, mas porque é a melhor advogada do Brasil” 

Essas são só algumas de suas muitas idiotices, alguns dos seus pequenos e grandes crimes que a imprensa simplesmente ignora por conveniência. Até quando o acordo com o “andar de cima” vai durar, só o tempo dirá. 

Em tempo: Reproduzo abaixo, o artigo de hoje, do jornalista Ricardo Noblat, onde ele dá um conselho a Cabral, que sabemos que ele não poderá atender, afinal, quem deve teme. E Cabral tem muito a esconder. 


Garotinho

domingo, 29 de janeiro de 2012

EUA planejam base militar marítima próxima ao Golfo Pérsico


Em meio ao aumento nas tensões diplomáticas com o Irã, por conta de seu polêmico programa nuclear, os Estados Unidos pretendem enviar imediatamente uma base militar marítima para o Oriente Médio.


A informação foi divulgada neste sábado pelo jornal Washington Post, que relata os planos do Pentágono, para, além de se preprarar para um eventual confronto com o regime de Mahmoud Ahmadinejad, também comabter piratas somalis e membros da rede terrorista Al Qaeda instalados no Iêmen.

Na reportagem, o porta-voz do comando da Marinha norte-americana, Mike Kafka, confirma os planos do Pentágono, mas evita apontar o local exato onde a base seria instalada. Fontes do governo norte-americano citadas pelo jornal indicam que estão em fase avançada os preparativos para transformar um antigo navio de guerra em uma base flutuante para soldados. O projeto está sendo desenvolvido "com pressa incomum" para esteja operacional já no "início do verão" (no hemisfério norte).

A base poderia acomodar navios menores de alta velocidade e helicópteros utilizados pelos fuzileiros navais, o grupo de operações especiais da Marinha que executou Osama bin Laden em maio de 2011.

O projeto é levado a cabo sob pedido do Comando Central do Departamento de Defesa, encarregado das operações militares no Oriente Médio, segundo documentos obtidos pelo diário.

Embora se desconheça a localização prevista para a base, alguns desses documentos indicam que poderia situar-se no Golfo Pérsico, onde o Irã ameaçou bloquear o Estreito de Ormuz, via crucial para a provisão de petróleo mundial, após a imposição de sanções pela União Europeia ao petróleo iraniano.
Os Estados Unidos contam atualmente com uma longa base naval no Bahrein e costumam ter pelo menos dois porta-aviões nas águas que cercam o Golfo Pérsico.
Vermelho

Rio de luto: Prédios desabam e deixam cenário de destruição


A cidade do Rio de Janeiro foi dormir em choque na última quarta-feira (25), quando três prédios no centro da cidade desabaram por volta das 20h30, deixando até momento 11 mortos, 6 feridos e pessoas ainda estão desaparecidas. O desastre causou um cenário de destruição em uma área tão movimentada e importante, deixando o Rio de Janeiro de luto. As autoridades estão no local e as áreas ao redor estão fechadas.




“O Rio de Janeiro hoje está de luto. O desabamento dos prédios no Centro do Rio chocou a todos. Principalmente, a quem passa pela região sempre, como eu, já que é bem próximo da Câmara” afirma o vereador Roberto Monteiro (PCdoB/RJ). 

Na Câmara Municipal, a poucos metros do local do desabamento, cerca de 40 pessoas, entre parentes e amigos das vitimas, aguardam notícias na sacada do edifício, de onde é possível ver os trabalhos de resgate. O Hemorio está fazendo uma campanha de doação de sangue para os feridos.

As causas do desabamento ainda estão sendo investigadas. É importante ressaltar que os prédios são bem antigos, entre 60 e 70 anos. Segundo informações, obras estavam sendo feitas em um dos prédios, o que pode ter causado o acidente.

A presidenta Dilma Rousseff manifestou solidariedade à população do Rio de Janeiro pelo desabamento de três prédios: "Gostaria de me solidarizar com o povo do Rio de Janeiro, principalmente com as famílias daquelas pessoas que foram atingidas por essa catástrofe, que foi a derrubada do edifício e depois a queda dos outros", disse a presidenta.

Para Roberto Monteiro, “sem dúvida é preciso que o poder público fiscalize mais a segurança nos prédios, principalmente naqueles antigos. Ao mesmo tempo, é preciso que as pessoas tenham consciência de que não se deve fazer uma obra desse tipo sem a devida autorização dos órgãos competentes”.
Roberto Monteiro

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quem está pondo o mundo em risco?

Alpino - Yahoo

Qual preconceito paulistano mais te incomoda?

Amo São Paulo. Por isso mesmo dói ouvir certas aberrações da boca dos meus conterrâneos.

Todos os criados neste caldo e que não foram devidamente conscientizados para o contrário não estão imunes a propagar preconceitos. Acreditem, é um trabalho diário, do qual não me excluo, para garantir que nossa boca não seja mais instrumento de opressão. Pois essas frases não são coisas inofensivas ou engraçadinhas, mas ajudam a renovar a segregação.
Preconceito existe em todo o lugar, não é monopólio paulistano. Mas em cada região, há ódios que se sobressaem mais do que outros. Com a ajuda de amigos jornalistas e baseado também nos comentários dos posts deste blog – fonte inesgotável de posições bisonhas – elencamos frases carregadas de ódio, arrogância e inversão de valores que, vira e mexe, são ouvidas ou lidas na Paulicéia.

O “paulistanismo”, o nacionalismo paulista, funciona como uma espécie de seita radical para os seus adeptos. Mesmo as pessoas mais calmas viram feras, libertando uma fúria bandeirante que parecia, historicamente, reprimida dentro do peito quando se vêem diante de críticas à cidade (reflexão é algo que não faz muito sucesso por aqui). Bandeirantes, aquele pessoal que virou nome de avenida, escola, praça, escultura, Palácio de Governo, homenageados por terem dizimado gente. O fato de São Paulo tê-los escolhido como heróis diz muito sobre o espírito do nosso estado.

Neste 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, uma pergunta: somos capazes de nos desconectar do passado e construir um futuro mais justo ou vamos fica repetindo idéias e frases que carregam em si uma visão ridícula de mundo?

Qual preconceito paulistano mais te incomoda?

- É pobre, mas tem caráter. Nunca sumiu nada lá de casa

- Vagabundo que faz greve deveria ser demitido

- É tudo "baianada"

- São Paulo sustenta esse país.

- Tá com dó [de dependente químico ou sem-teto]? Leva para casa

- Agora ele vai pro hospital e a moto tem seguro. Mas quem paga meu espelho?

- Meu, o Centro agora tá cheio desse "povo da flautinha"

- Tinha que ser preto!

- Mano, cê é bicha?

- Adoro esse shopping que só tem gente bonita e selecionada

- Tire as mãos do meu carro

- Manifestantes? E minha liberdade de ir e vir? Olha o trânsito!

- Criança tinha que trabalhar para não fazer arruaça

Leonardo Sakamoto

A imprensa não relata o que realmente está acontecendo no Pinheirinho



Os moradores do Pinheirinho usam pulseirinhas azuis que não são muito diferentes dos números tatuados nos braços dos judeus em campos de concentração. Moradores denunciam que crianças estão sendo separadas dos pais e enviadas ao Conselho Tutelar.

Casas são demolidas. A PM atira, fere, e diz que não houve confronto. Crianças são submetidas a terrorismo de Estado, tiroteios, bombas. A Prefeitura oferece passagens “para o Norte”. São 6 mil pessoas.

Até agora, a chamada grande imprensa não foi atrás de nenhuma dessas denúncias e deu voz às autoridades, que falam numa “desocupação pacífica” e bem-sucedida. Uma operação brilhante. Não há contestação.

Nenhum grande órgão de imprensa foi atrás de uma informação bem relevante: quais são os credores da massa falida da Selecta de Naji Nahas? No vídeo que divulgo no meu blog   há a informação que o único credor é a Prefeitura de São José. E o terreno tem dívidas que podem ser de 10 a 15 milhões de reais, dependendo da versão.

Por que a grande imprensa não pergunta às autoridades quem vai ficar com o terreno? Ou o que será feito dessa área?

A origem do terreno também não está sendo investigada pela grande mídia, que só repete comunicados oficiais. Aqui, parte da história. Em 1969, os irmãos Kubitsky, de origem alemã, foram assassinados em São José dos Campos. Eram os donos da chácara que é hoje o Pinheirinho. Quatro idosos, dois homens, duas mulheres. Não tinham herdeiros. Assim, a área deve ter passado ao Estado, ou ao Município, na época. Como foi parar nas mãos de Nahas?

Perguntas sem respostas, e não adianta esperar que elas apareçam nos grandes jornais, revistas ou nas emissoras de TV. Esses estão preocupados em ecoar o discurso do direito à propriedade privada, da decisão da Justiça que se cumpre, não se discute.
Flávio Gomes   Tribuna da Imprensa

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Na próxima eleição, vamos colocá-los no lugar que merecem:

Blog da Dilma

Naji Nahas e o crime no Pinheirinho



A mídia burguesa, que historicamente sempre criminalizou os movimentos sociais, não fugiu à regra na cobertura da desocupação do Pinheirinho, promovida de forma covarde e ilegal neste domingo. 

A maior parte dela, inclusive numa abjeta reportagem da TV Record, tratou os ocupantes como “invasores” e culpados pelas cenas de violência no carente bairro de São José dos Campos (SP).


É sempre assim! Nos momentos de confrontos mais agudos, os barões da mídia se juntam na defesa da “propriedade” e contra os que lutam por direitos humanos mínimos – como o direito à moradia. Nesta “cruzada sagrada”, eles inclusive protegem notórios bandidos, como é o caso do especulador Naji Nahas. De vilão, ele foi tratado como prejudicado no triste episódio do Pinheirinho.

Bandido é tratado como vítima
A chamada grande imprensa até citou que “o terreno de 1,3 milhão de metros quadrados, que virou alvo de um confronto entre policiais e moradores da comunidade do Pinheirinho, pertence à massa falida da empresa Selecta S/A, do empresário libanês Naji Nahas”, conforme notinha do Estadão. Ela também lembrou que o “banqueiro” já foi acusado por crimes financeiros e foi preso.

Mas nenhum veículo midiático colocou seus holofotes sobre o dono ilegal do Pinheirinho. Ele surge como vítima dos “invasores”, que ocuparam o terreno em 2004 e que resistiram, “violentamente”, à ação de despejo. Alguns “calunistas” mais hidrófobos até elogiaram a postura “firme” do governador tucano Geraldo Alckmin na “defesa da propriedade”... do bandido Nahas!

A biografia do especulador
Um simples levantamento sobre a trajetória deste espertalhão indicaria que o prefeito de São José dos Campos, o governador de São Paulo, os barões do Judiciário e os donos da mídia deveriam ser menos parciais na defesa da “sua” propriedade. A biografia de Naji Nahas ajudaria a evitar o massacre dos moradores do Pinheirinho e a buscar uma solução negociada para o conflito.

Conforme relata o Wikipédia, enciclopédia virtual compartilhada, o empresário nascido no Líbano “chegou ao Brasil no começo da década de 1970 com cinqüenta milhões de dólares para investir e montou um conglomerado de empresas que incluía fábricas, fazendas de produção de coelhos, banco, seguradora e outros”. 

Bolsa do Rio e Satiagraha
Naji Nahas tornou-se nacionalmente conhecido depois de ter sido acusado como responsável pela quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em1989. Ele tomava empréstimos de bancos e aplicava na bolsa, fazendo negócios por meio de laranjas e inflando as cotações. A descoberta da maracutaia causou a quebra em cascata na bolsa do Rio, que nunca se recuperou totalmente.

Naji Nahas voltou ao noticiário em julho de 2008, quando foi detido pela Polícia Federal, que acatou a ordem de prisão decretada pelo juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Nesta operação, batizada de Satiagraha, também foi preso o banqueiro Daniel Dantas e o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta.

A reportagem da Veja
Estas e outras histórias cabeludas revelam quem é Naji Nahas, o bandido que conseguiu a reintegração de posse no Pinheirinho. A mídia venal conhece a sua trajetória, mas agora evita dar destaque. Em outras ocasiões, que não envolviam o “sagrado direito à propriedade privada”, ela até já listou os seus crimes. A revista Veja, de outubro de 1997, fez excelente apanhado sobre Nahas. 



A reportagem de Antenor Nascimento, intitulada “Promissória ambulante”, lembra que o agiota quase quebrou a bolsa de valores em junho de 1989, “num dos maiores escândalos financeiros da história do país”, que resultou “na liquidação de seis corretoras e num prejuízo calculado em 400 milhões de dólares”. Reproduzo alguns trechos da matéria agora arquivada pela mídia:

*****

Passados oito anos [do golpe na bolsa], ele contratou pesquisas para avaliar o grau de rejeição que ainda pesa sobre seu nome e o prestígio que sobrou... Aos poucos foi reaparecendo em festas e restaurantes elegantes de São Paulo. E deu uma festança no ano passado, no casamento de sua filha Nathalie, ao preço de meio milhão de dólares pago por um magnata amigo.

Nessa festa, pareceu mesmo que Nahas havia conseguido enterrar o passado. Nos jardins de seu casarão da Rua Guadalupe, endereço de ricos, beberam champanhe noite adentro personalidades como Alfredo Rizkallah, presidente da Bolsa de Valores de São Paulo, Manoel Cintra, atual presidente da Bolsa Mercantil e de Futuros, o então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, o seu sucessor, Celso Pitta, e uma penca de figuras conhecidas. 

Nahas circulou deliciado entre os convidados, como fazia nos tempos em que o mundo financeiro estava a seus pés e a imprensa lhe dava o título pomposo de ‘mega-investidor’. Há uma semana, o passado voltou com a brutalidade de uma divisão Panzer. O juiz Guilherme Calmon Nogueira da Gama, da 25ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro, condenou Naji Nahas a 24 anos e oito meses de prisão, além de multa de 730.000 reais, pela quebra das bolsas em 1989.

Na mesma sentença, considerando os ‘péssimos’ antecedentes de Nahas, o juiz ordenou a prisão preventiva do investidor... A Interpol foi convocada para rastrear seus passos no exterior, para onde acabara de viajar, e os aeroportos internacionais do país entraram em alerta. Repetiu-se, portanto, a cena ocorrida em 1989, quando policiais caçaram Nahas durante 100 dias. Naquele ano, Nahas escapou das mãos da polícia e, com uma bolsa de roupas, vagou por apartamentos de amigos. Para disfarçar, deixou a barba crescer... No fim, sem conseguir manter-se escondido por mais tempo, Nahas acabou sob regime de prisão domiciliar até a medida ser revogada na Justiça.

Na semana passada, a história se repetiu com uma diferença. Na data da sentença, Nahas estava longe do juiz e da polícia. Em 3 de outubro, viajou a Paris acompanhando um grupo de investidores estrangeiros. De Paris partiu para o Egito, onde assistiu a uma exibição da ópera Aída, entre ruínas, e tomou um barco para um passeio de três dias pelo Nilo. Na última quinta-feira, voou para o Líbano, terra de sua família, para um período de descanso nas montanhas. Nesse dia, foi brindado com uma liminar assinada pelo desembargador Ney Valadares, do Tribunal Federal de Recursos do Rio de Janeiro, suspendendo temporariamente o mandado de prisão, até que se julgue um pedido de habeas-corpus.

O personagem principal do maior solavanco já sofrido pelas bolsas brasileiras é um homem que mede 1,90 metro, fala sete línguas, veste roupas compradas na Europa, mastiga um enorme charuto e é fanático por gamão, o jogo da elite libanesa. Ele colecionava todos os totens da riqueza, como cavalos, lanchas, pinturas impressionistas, apartamento em Paris e o indefectível helicóptero. 

A mais valiosa coleção é a de amigos. Nahas se gaba de seu relacionamento estreito com o sultão de Brunei, os duques de Beaufort e os príncipes de Kent - fora a nobreza árabe dos petrodólares. Nahas, estufado como um pavão, gosta muito de falar das suas proezas. A essas histórias do mundo do dinheiro ainda conseguiu reunir a purpurina de contatos em setor mais glamouroso. Nos anos 80, Nahas aparecia nas colunas sociais brasileiras posando para fotos ao lado de personalidades internacionais do cinema ou da música de passagem por São Paulo. A sua trajetória pela órbita dos negócios é uma história estranha e tão fascinante como o próprio Nahas.

Sua família tinha uma empresa têxtil no Egito, confiscada na década de 50 pelo presidente Gamal Abdel Nasser. Os Nahas fugiram para o Líbano, onde montaram uma marmoraria e uma loja de pedras preciosas. Naji casou-se em 1967 com a brasileira Sula Aun, cuja família era dona da Papéis Simão. Veio para o Brasil em novembro de 1969 trazendo um presente da mãe: 50 milhões de dólares internados no país com autorização do Banco Central. 

Acabou constituindo um grupo de 27 empresas, administradas pela holding Selecta. Em 1979, começou seu jogo na Bolsa do Rio de Janeiro, a única a operar os mercados futuros, que é o ambiente preferido do especulador. Ele se tornou um mito muito cedo, com manobras que os investidores brasileiros ainda não conheciam. Numa de suas jogadas, apostou contra todo o mercado num negócio com ações da Petrobrás. Venceu, ganhou uma fortuna e deixou os operadores de queixo caído.

Nahas, hoje, a julgar pelas formalidades cartoriais, é um sujeito quebrado com casaca de rico. A mansão onde mora, com piscina, quadra de tênis e até elevador, está hipotecada. A Selecta e suas empresas se transformaram em massa falida. Seus haras estão abandonados, além de hipotecados. Um grande terreno na Avenida Faria Lima, em São Paulo, no qual pretendia construir um shopping, também está hipotecado. Além de hipotecados, seus bens estão indisponíveis. 

Em se tratando de Nahas, tudo isso é relativo. O ex-megainvestidor dá festas alavancadas com o dinheiro de amigos. O Rolls-Royce usado no casamento da filha foi emprestado por um deles, o senador Gilberto Miranda, que comprou o automóvel dos Mayrink Veiga, ex-milionários do Rio de Janeiro. Nahas trabalha em um escritório emprestado por amigos, e – detalhe importante – as hipotecas que têm sido executadas pelos credores são compradas por amigos para evitar que Nahas tenha de espremer o próprio fígado na entrega dos bens que foram seus. Desde o tombo da bolsa, Nahas já fez cerca de cinqüenta viagens para fora do país, quase sempre de primeira classe. Sua renda, segundo ele, vem de negócios que faz atualmente no exterior. "Quando não estou me defendendo dessas acusações que fazem contra mim, trabalho. Administro um fundo de investimento nos Estados Unidos e dou consultoria a investidores", diz ele.

O engraçado é que essa pendura é anterior à crise de 1989. Nahas, na verdade, já havia hipotecado tudo para tomar dinheiro destinado às operações na bolsa. Percebe-se aí um fator comum aos especuladores fanáticos. Eles têm a mesma compulsão dos viciados em pôquer, que apostam até o almoço dos filhos. "Ele sempre foi uma promissória ambulante", declara um banqueiro paulista que lhe emprestou dinheiro e não recebeu de volta. Há, no mercado financeiro, um boato antigo e insistente de que o felino Nahas continua a jogar por meio dos seus laranjas. De vez em quando, ao se detectar alguma manobra menos ortodoxa, os operadores pensam no libanês com seu charutão. "Deve ser o turco", comentam.
Altamiro Borges

O torturante método de São Paulo


Os historiadores contam que Tomás de Torquemada, torturador-mor da Inquisição e falecido em 1498, era muito vaidoso. Numa pintura encomendada a um artista famoso, Torquemada aparece em genuflexão entre os adoradores de um Menino Jesus a brincar. Essa pintura está exposta na igreja romana de Santa Maria Sopra Minerva.

O Plano de Ação Integrada Centro Legal executado pelo prefeito Gilberto Kassab e pelo governador Geraldo Alckmin na Cracolândia paulistana inspira-se no torturante método de Torquemada. A tortura para se alcançar uma meta predeterminada. A propósito, revelou um agente da autoridade de Alckmin, com aval de Kassab: “Como você consegue fazer com que as pessoas busquem tratamento? Não é pela razão, é pelo sofrimento. Dor e sofrimento fazem a pessoa pedir ajuda”.

A dupla Alckmin-Kassab não usou a Tortura da Roda de Torquemada, mas a Rota e o comando-geral da Polícia Militar (PM). A PM foi incumbida de prender traficantes-varejistas da Cracolândia. Isso para acabar de imediato com a oferta e provocar, nos dependentes, crises de abstinência. Governador e prefeito imaginaram que os dependentes químicos fossem, pela dor, correr em busca de ajuda médica. Detalhe: não havia adequada oferta de assistência médica aos viciados.

O tendão da Rua Prates, ao custo de 8 milhões de reais, não está pronto. Idem quanto às Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e os Centros de Apoio Psicossocial (CAPs) para dependentes de álcool e drogas). Só depois do quarto dia de atuação violenta da PM, Alckmin destinou 286 leitos para os dependentes da Cracolândia. E o seu secretário prometeu, em futuro próximo, vagas em 33 instituições no interior de São Paulo. O sucesso quanto aos programas de recuperação e a reinserção dessa “terceirização” para comunidades terapêuticas são desconhecidos.

Diante do localizado problema de saúde pública e de exclusão social, a dupla Alckmin-Kassab partiu, com a tropa da PM, para uma “limpeza de área”. Não faltaram bombas de efeito moral, tiros de borracha e golpes de cassetete. Uma bala de borracha disparada com fim punitivo lesionou a boca de uma toxicômana menor de idade que se recusava a deixar a rua. Quanto à rede de abastecimento a distância da Cracolândia nada se investigou.

Uma lembrança. Nas discotecas exploradas empresarialmente na capital de São Paulo, as drogas sintéticas ilícitas são abundantemente fornecidas por redes operadas a distância por traficantes que nunca são incomodados pelas polícias de Alckmin. Talvez sejam as mesmas redes da Cracolândia, só que para lá enviam a mais barata e poluída das drogas. Uma análise comparativa entre os dependentes da Cracolândia e os usuários das discotecas exploradas comercialmente revela comportamentos diversos. Na Cracolândia, o consumo é para escape, fuga do abandono e da desestruturação. Nas discotecas, usa-se a droga como participação, tendência. Na ânsia de virar o Capitão Nascimento dos paulistas, Alckmin não percebe distinções fundamentais.

Pela legislação, as polícias devem fazer prevenção à oferta e à repressão ao tráfico. As duas polícias, no entanto, se metem em escolas para realizar inadequada prevenção ao consumo, tudo a tomar lugar de educadores e operadores da área sanitária. Para apressar a “limpeza”, o usuário da Cracolândia na posse de 1 grama de crack virou traficante. Alckmin chancela uma presunção contra miseráveis e a sua Polícia Judiciária, a contrariar a jurisprudência dos tribunais, lavra autos de prisões em flagrante. No popular, “cana” para quem demora a desocupar a Cracolândia. Um cordão sanitário foi criado na operação da Cracolândia para evitar a migração de dependentes para os bairros do Bom Retiro e de Higienópolis. O cordão emprega 150 policiais e conta com aporte de cães, helicópteros e viaturas da Rota.

Diante dessa opção de Alckmin-Kassab por Torquemada, recordo uma conversa que tive com o humanista Luigi Ciotti. Ele é respeitado em toda a Europa pelo exemplar e exitoso trabalho realizado no Gruppo Abele, de acolhimento, tratamento e reinserção de dependentes. Don Ciotti, educador por formação salesiana, preocupa-se também com a repressão ao narcotráfico. Nesse campo, Ciotti preside a maior rede europeia antimáfias da sociedade civil, ou seja, a Libera – Associazioni nomi e numeri contro le mafie: são 1,3 mil organizações filiadas.

Desde 1965, Ciotti luta para “dar voz a quem não tem voz” e prefere a rua (strada) à sacristia. Tanto isso é verdade que Ciotti foi pioneiro na criação de uma Università della Strada, que forma educadores sociais e agentes de saúde pública. Aproxima-se dos dependentes “sem desmoralizar, demonizar e assustar”.

Pano rápido. Ciotti, de vitoriosa greve de fome em 1975 para mudar a legislação que criminalizava e marginalizava o dependente químico, dá um alerta fundamental: “O dependente químico é um ser humano que não consegue encontrar um sentido para a sua vida. É aquele que se sente isolado, é frágil na relação consigo próprio e com os outros”.
Carta Capital

Enquanto isso na Cabralândia...

O retumbante fracasso do brado político-partidário da Globo


A nova minissérie da Globo, “Brado Retumbante”, pode até ser a mais descarada iniciativa da história da emissora de tentar contaminar o público, mas, na opinião deste blog, mesmo sendo, inegavelmente, a mais descarada, ela não almeja doutrinar ninguém. A minissérie não passa de onanismo político-ideológico e partidário.

“Brado” não almeja doutrinar ninguém simplesmente porque é muito explícita, muito descarada, com aquele sósia de Aécio Neves sendo apresentado como exemplo de ética e honestidade, com os ataques a sindicalistas, a um ministro pré-candidato a prefeito e com a glamourização dos peões da imprensa golpista.

A minissérie, no entanto, não deve durar muito. Estamos em ano eleitoral e certamente os partidos prejudicados pela masturbação político-ideológica e partidária da emissora não tolerariam que fosse exibida em período muito próximo da eleição.

Esse viés político-partidário, como já se sabe, foi impresso na trama por co-autores identificados com o PSDB e com o DEM. Guilherme Fiúza, da revista Época, e Nelson Motta, do Manhattan Conection, são antipetistas fanáticos. A minissérie não seria mais parcial se o co-autor fosse um Reinaldo Azevedo ou um Augusto Nunes.

Eis, aí, a razão do retumbante fracasso do “Brado” da direita, ao menos na semana que finda. Estreou na terça-feira (17) com audiência pouco acima do mínimo esperado para o horário das 23 horas na Globo (18 pontos no Ibope), cravando 19 pontos. Na quarta (18), caiu para 17. Na quinta (19), caiu para 14 e na sexta (20) repetiu a marca.

Particularmente, penso que a iniciativa não pretendia muita coisa. O público da Globo naquele horário já foi inoculado com as idiossincrasias político-partidárias e ideológicas da emissora carioca há muito tempo.

A minissérie, portanto, é apenas um agrado ao seu público cativo. Serve para manter o ânimo da militância reacionária de classe média alta em um momento em que a direita brasileira vem colhendo tantos revezes políticos, com seus partidos políticos minguando e suas maiores lideranças se desmoralizando.

Até a suspeita de que “Brado Retumbante” foi feita para encher a bola de Aécio Neves parece exagerada. Escolheram-lhe um sósia porque é o único oposicionista de peso com pinta de galã. Para representar José Serra, o ator não poderia ser bonito. E em tempos de CPI da Privataria, seria pra lá de arriscado.

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Do leitor Roberto Ribeiro: “Big Brother Bernardo, a Ley de Médios foi parar debaixo do edredom”.
Eduardo Guimarães

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Governo do Rio anuncia pela segunda vez nova tabela de pagamento do IPVA


A Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro admitiu que ocorreu erro no sistema de dados e novamente prorrogou o prazo para o pagamento do IPVA 2012. Na tarde desta segunda-feira (23), a nova tabela foi anunciada.

Segundo a secretaria, o pagamento da cota única com desconto e da primeira parcela das placas 0, 1, 2, 3 e 4 foram prorrogadas para, respectivamente, 12/3, 14/3, 15/3, 19/3 e 21/3.

Anteriormente, o prazo havia sido prorrogado por causa de erros com a impressão e dados para o pagamento do IPVA 2012. Os contribuintes que tiverem dúvidas sobre IPVA devem procurar a inspetoria, localizada na Rua Visconde do Rio Branco, 22, no Centro, das 9h às 17h, ou através do site oficial da Secretaria de Estado de Fazenda.

Chuvas
Segundo o governo, os municípios de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, São Fidélis, Bom Jesus do Itabapoana, Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira, Miracema, Aperibé, no Noroeste Fluminense, e Sapucaia, no Centro-Sul Fluminense tiveram o prazo prorrogado.

Situação de emergência
As cidades que se encontram em situação de emergência tem até 7 de maio para fazer o pagamento. Nesta data, os contribuintes poderão efetuar o pagamento em cota única e da primeira parcela do tributo. A segunda parcela passa para 5 de junho. A terceira mensalidade vence em 4 de julho.

JB

Greve Nacional da Educação!!!

Acorda Brasil! Você precisa é de educação!


SÃO INÚMEROS OS ASPECTOS QUE DISTINGUEM OS MODELOS EDUCACIONAIS DOS PAÍSES QUE SE DESTACAM DAQUELES QUE ALIMENTAM SISTEMAS RETRÓGRADOS COMO O BRASIL



O prestigiado autor do livro “Basta de Histórias!”, Andrés Oppenheimer, considerado pelo Jornal Folha de São Paulo como “o mais respeitado colunista de assuntos latino-americanos da imprensa norte-americana”, me fez refletir com intensidade, ao longo do recesso parlamentar, sobre a evolução de alguns países de outros espaços do globo terrestre, a exemplo de China, Singapura, Coréia do Sul e Finlândia através da educação. Do mesmo modo, o conceituado articulista me fez pensar sobre o reprovável atraso do Brasil nesse setor.

Levando em consideração avaliações de alunos e sistemas de ensino em diversas áreas do planeta como o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, a obra confirma a coincidência e preponderância em termos de celeridade no desenvolvimento socioeconômico daqueles que investiram maciçamente em educação de qualidade.

São inúmeros os aspectos que distinguem os modelos educacionais dos países que se destacam daqueles que alimentam sistemas retrógrados como o Brasil. Diferenças evidentes como a carga horária escolar das crianças nos obriga a repensar os métodos e procedimentos. Milhões de crianças chinesas estudam de 12 a 14 horas por dia. Já na América Latina esse período é bem inferior. Além disso, países como o nosso têm uma quantidade exorbitante de feriados que interrompem a realização de aulas e prejudicam sobremaneira o aprendizado dos estudantes.

Uma das críticas pertinentes que Andrés Oppenheimer faz ao sistema latino-americano é que “nas últimas décadas, a América Latina aumentou significativamente a cobertura educacional, o que é louvável. Contudo, muitos países não fizeram isso construindo mais escolas, e sim reduzindo as horas de estudo e acomodando mais alunos nas já existentes. Ganhamos em quantidade, mas perdemos em qualidade, em vez de investir em ambas”.

No livro de Andrés encontramos comentários de César Graviria, ex-presidente colombiano e ex-secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o tema. Trata-se na verdade de diagnósticos excelentes que impõem avaliações as autoridades e algumas ponderações. “O problema da América Latina não é um problema de crescimento econômico, mas de educação. Nós temos uma ideia economicista, oriunda do Consenso de Washington, segundo a qual a economia é que vai nos salvar. Claro, a economia é um pressuposto necessário, mas, se não for acompanhada por uma educação de qualidade, não adianta. É um erro acreditar que todos os problemas da sociedade se resolvem com crescimento econômico: o crescimento econômico não resolve a pobreza, a pobreza é resolvida com educação”.

A péssima qualidade da educação é responsável pelo aumento das desigualdades sociais. Estudantes que não foram bem preparados nas escolas sofrem no mundo competitivo em que vivemos, perdendo sempre as oportunidades para aqueles que foram contemplados com as melhores condições de adquirir conhecimentos. Somente com um sistema educacional contemporâneo é que um país pode alcançar os melhores níveis de desenvolvimento. Segundo Andrés, “na Finlândia, por exemplo, os alunos com baixo rendimento recebem atenção personalizada de professores especiais em suas escolas, e se, apesar disso, não conseguirem acompanhar o ritmo dos colegas de classe, são enviados a escolas de educação especial onde podem contemplar seus programas de estudo mediante sistemas de aprendizagem apropriados a eles”. Não tem como não aprender!

Outro dado enfatizado por Andrés é o fato de que nessas localidades os professores além de serem selecionados com o maior rigor, são remunerados satisfatoriamente. Na Finlândia, os professores são admirados por toda a sociedade. Integrar a conceituada categoria do magistério é um sonho acalentado por todos os jovens. Somente 10 % dos alunos com as melhores médias no ensino médio podem entrar para o curso na universidade e virar professor. Em cada classe nos estabelecimentos de ensino há um professor titular e um assistente, além de outro que fica numa sala extra, dedicado a oferecer aulas particulares para alunos que tiveram dificuldades em entender a matéria do dia. Os professores titulares têm obrigatoriamente mestrado em educação e ganham entre 2.500 e 3.000 euros, segundo o seu nível de experiência. Já os assistentes têm obrigatoriamente licenciatura e ganham um pouco menos. Os professores especiais, encarregados das aulas personalizadas para aqueles que têm maior grau de dificuldade, é um dos segredos do sucesso da educação finlandesa.

Na Finlândia, os salários dos professores universitários são fixados segundo os méritos do docente, mas em geral oscilam em torno de 5.700 euros mensais, além de abono de fim de ano, o que dá uma remuneração anual em torno de 100.000 euros.

Os países que tratam a educação como verdadeira prioridade estão bem situados no ranking da economia mundial. Alguns deles não possuem sequer recursos naturais abundantes como o Brasil. Singapura, por exemplo, importava até pouco tempo, água para o consumo humano, entretanto, em razão do seu avanço tecnológico, hoje dispõe de um moderno processo de dessalinização que possibilita o uso da água do oceano para atender as suas demandas. O que faz um país progredir economicamente é o cérebro do seu povo.

Na era da informação, as principais riquezas geradas são praticamente imperceptíveis. Bill Gates acumulou uma extraordinária fortuna vendendo conhecimento. Os países que estão progredindo de maneira sustentável são aqueles que investem no seu maior patrimônio: as suas crianças. No mundo atual quem ganha dinheiro nem sempre é o que trabalha mais, mas sim o que raciocina com eficiência. Existem casos como o das confecções, em que países alistam verdadeiros batalhões de costureiros para preparar peças, mas outros possuidores de inteligência e capacidade de divulgação e marketing, apenas afixam etiquetas que tornaram famosas e acabam lucrando dez vezes mais do que aqueles que efetivamente desenvolveram as principais atividades produtivas.

Não vou falar aqui sobre resultados da boa educação, nem tecnologias e inventos extraordinários que mudam para melhor a medicina a indústria automobilística, as telecomunicações, a engenharia, a informática, enfim, eventos que propiciam dias melhores para a humanidade. Vou me ater a dizer da minha preocupação com os enganos que estamos vivendo em nosso país e o quão distante estamos ficando em relação à prosperidade que alcançam os países retro-mencionados e outros tantos que aludirei em novos escritos. Estamos atrasados e discursando como se estivéssemos na vanguarda do planeta. Seria vergonhoso para nós estabelecermos comparações entre o nosso sistema educacional e o da Coréia do Sul, ou da Finlândia, ou da China, ou de outros países sérios que enxergam a educação como a mola propulsora do desenvolvimento. Tais comparações nos levaria a um vexame inimaginável.

Em termos de inventos, de registros de patentes, de resultados de pesquisas estimuladas pelo governo, somos apenas um país subdesenvolvido com os avanços tolerados aos vendedores de matérias-primas. Se os governantes continuarem iludindo a população apresentando números com efeitos de curto prazo, o país não alcançará os patamares desejáveis. É preciso urgentemente investir muito em educação de qualidade. Carecemos de cérebros, de cientistas, de inventos importantes. Enquanto países com populações bem menores já ganharam diversos nóbeis de física, química, economia, medicina, aqui somos apenas expectadores. Por quê?

O crescimento econômico tão propagado por aqui é algo frágil. Somente a educação nos proporcionará as condições de competir realmente com aqueles que se consolidam a cada dia como líderes do conhecimento. É chegada a hora de valorizar os nossos professores e transformar as nossas escolas e universidades em caminhos para a real felicidade. O Brasil deve crescer economicamente sim, mas para se tornar efetivamente desenvolvido e capaz de vislumbrar uma melhor perspectiva de futuro para o seu povo, necessita investir no cérebro, no intelecto, na inteligência das crianças e dos jovens. Acorda Brasil! Você precisa é de educação!
Brasil247

ELES QUEREM É A NOSSA ÁGUA!



A denúncia está na revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado internacional de água.
A revista denuncia: “Navios-tanque estão retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”.
Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.
Conforme a revista, a captação geralmente é feito no ponto que o rio deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento na Europa e Oriente Médio. Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil, considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US$ 1,50).

Há trás anos, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta. Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o crime batizado de hidropirataria. Para a revista Consulex, “essa prática ilegal, no então, não pode ser negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vida que são considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seus domínio (CF, art. 20, III).
Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União. A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.
Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio carregando milhões de litros de água.
Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no transporte transatlântico de água: as bolsas de água. A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à dos superpetroleiros”. Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por embarcações rebocadoras convencionais.
Biopirataria e roubo de minérios
Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso. Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce. A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais.
Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.
O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal, que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi formalizado”, observa.
Águas amazônicas
Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região.
A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e de órgãos públicos estaduais do Amazonas. A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.
A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro. O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus. Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:
Hidro ou biopirataria?
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter água potável. “Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as águas amazônicas para outros continentes. O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus organismos vivos. “Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser vantajoso no aspecto econômico. “Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria relativamente pequeno. Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes. “Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses além de se levar apenas água doce”, comentou.
Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território amazônico. “Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem 26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios. Porém, somente 3% desse volume são de água doce. Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas subterrâneas. Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível.
Água será motivo de guerra
A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo humano e em suas diversas atividades, com a agricultura. Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves permanentes.
Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico. Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes. Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.
Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo, sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois 63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites nacionais.
Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos.
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