quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Você!


O mundo é desigual. E isso não é novidade há pelo menos cerca de 10 mil anos, quando surgiram as primeiras sociedades complexas. Sociedades complexas seriam aquelas onde existem desigualdades sociais profundas, como a nossa. Antes, todos os grupos humanos do planeta, viviam tal qual os nossos índios na fase anterior à contaminação do dito mundo civilizado.  A única forma de divisão de trabalho era a sexual, na qual homens e mulheres possuíam atribuições distintas.

Com o surgimento da propriedade privada dos meios de produção e o desenvolvimento das forças produtivas, a humanidade se especializou na prática da exploração do homem pelo homem, utilizando a criatividade que lhe é peculiar para desenvolver métodos e justificativas incontáveis. 

No séc. XIX, quando o socialismo científico ou marxismo surgiu como forma de resistência à exploração capitalista, identificando burgueses e proletários na chamada luta de classes, ninguém imaginou que décadas mais tarde as ideias de Marx, pudessem inspirar um movimento revolucionário que culminou com a implantação do socialismo e  à reboque, a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

A partir daí, grande parte dos fatos que ilustraram o século XX podem ser considerados desdobramentos do duelo entre capitalistas a socialistas conhecido como Guerra Fria e pai do desenvolvimento tecnológico que a segunda metade do século XX viu se aprofundar. Até que por fim, os capitalistas, donos da mídia, lançaram o factóide mundial da morte do comunismo e triunfo do capitalismo justificado pelo advento do neoliberalismo.

Essa viagem medíocre e superficial que me veio à cabeça nesse amanhecer que para mim começou antes mesmo do nascer do Sol desse dia 23 de janeiro, não tem outra pretensão a não ser convidar você que está  se dando ao trabalho de ler estas palavras à uma reflexão: Seria possível minimizarmos hoje o grau de degeneração social na qual nos encontramos?

O surgimento da civilização está totalmente ligado ao aparecimento do Estado que na sua definição simples seria um conjunto administrativo formado por governo, povo, exército, funcionários, território, leis e impostos. Ao longo do tempo muitos pensadores se dedicaram ao estudo do Estado de Aristóteles à Rousseau, analisando sobre tudo a ligação da interdependência entre o governo e o cidadão. Aqui queremos apenas levantar a seguinte questão: até que ponto a degeneração do Estado é causa ou conseqüência da degeneração do indivíduo enquanto cidadão?

A maior dificuldade de se transformar a sociedade em um espaço justo e igualitário passa pela crença de que qualquer tipo de mobilização atualmente seria infrutífera. Esse pensamento difundido pela mídia cúmplice da apropriação do Estado pelos interesses privados é transmitido de forma tão sutil e eficaz, que toda vez que um grupo de pessoas se reúne em torno de um ideal de transformação dessa realidade, o mesmo é visto como dissidente, destoante ou desajustado. Na sua individualidade, eu tenho certeza que você gostaria de  que a nossa cidade , o nosso estado  e o nosso país se tornassem lugares mais prósperos e que essa prosperidade fosse compartilhada pela maioria, mas a sua capacidade de mobilização e de aglutinação esbarra na falta de fé no próximo. Dessa forma, a responsabilidade da mudança é transferida para o outro. “Não dará certo por que o povo é corrupto. ”Não dará certo porque os políticos são todos iguais.” “ O Brasil não tem jeito” e por aí vai.

Afirmo com certeza também, que quando você é questionado acerca da sua honestidade, a reação é de indignação. Você é honesto, mas os outros não prestam. Então porque você não coloca as suas virtudes a serviço da coletividade?

Marx estudou a História e descobriu que as desigualdades são fruto do surgimento da propriedade privada dos meios de produção, quando no passado alguns  grupos se apropriaram sobretudo das terras produtivas. Antes disso, o fruto do trabalho coletivo era compartilhado igualmente entre os membros das comunidades. Era o comunismo primitivo, que hoje seria incompatível com a civilização. Mas, no entanto, o mundo civilizado pressupõe um individualismo sem igual que vai de encontro à própria idéia de humanidade ideal. 

Evoluímos tecnologicamente, mas perdemos em alguma esquina do passado a  ideia de grupo, de bando e estamos seguindo, independente dos” ismos” para um colapso humano irracional e o que é pior, consentido e protagonizado por você, que insiste em deixar de seguir o ideal de igualdade que trazemos como herança desde que tomamos consciência de nós mesmos enquanto espécie há milhões de anos, para se conformar com a tão recente ideia de que existem humanos  que merecem subverter, dominar e explorar humanos. A única solução possível para a construção de uma sociedade melhor é também a razão da existência da mesma: VOCÊ.

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