quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Estrelas “moribundas” são capazes de manter planetas possivelmente habitáveis

Imagem artística de um planeta parecido com a Terra em órbita de uma estrela anã branca

Sabemos que a Terra é, por enquanto, o único planeta habitável, porque reúne condições específicas para a existência e manutenção de vida.

Sendo o terceiro planeta do Sistema Solar, a Terra está a uma distância de aproximadamente 150.000.000 km do Sol, o que contribuiu para uma série de fatores que foram favoráveis para a formação de vida no planeta.

É satisfatória, por exemplo, a quantidade de radiação solar que chega até a atmosfera terrestre, no qual com o auxílio de camada de gases que envolvem a Terra, acaba sendo regulada, mantendo a atmosfera e a presença de água em estado líquido.

O Sol é, por assim dizer, o elemento que essencialmente contribui para a existência da vida. No entanto, o planeta deve estar a uma distância consideravelmente segura para que isso possa ocorrer. No caso de Mercúrio e Vênus, por exemplo, eles estão tão próximos do Sol que praticamente não possuem atmosfera, e suas temperaturas são extremas.

Mercúrio chega a 400 °C quando um lado está voltado para o Sol, já o lado oposto apresenta - 180 °C! Vênus é o planeta mais quente do sistema solar, superando até Mercúrio, que é o mais próximo. A sua temperatura média à superfície é de aproximadamente 460 °C por conta das fortes ocorrências de efeito estufa, além de não apresentar água.

Estar afastado do Sol a uma distância muito grande também não contribui para a existência de vida. Marte e Júpiter, por exemplo, estão logo após a Terra, e não possuem condições favoráveis para serem habitados. Muito já se falou de Marte, e até já foi comprovado que em algum momento existiu água em sua superfície, mas hoje em dia, contudo, este planeta não exibe meios que permitam água no estado líquido.

O mesmo pode-se dizer de Júpiter, o gigante gasoso, que se resume a uma imensa bola de hidrogênio e hélio. Sua temperatura é de aproximadamente -150°C, o que também indica a impossibilidade de manutenção da vida.

O único planeta que possui condições favoráveis é a Terra, graças ao Sol que segue trabalhando a todo vapor. Entretanto, estudos comprovam que uma estrela que já esteja no final de sua vida também consegue manter planetas com vida, e se caso exista mesmo a vida neles, seria possível detectar esses planetas na próxima década.

Este resultado vem de uma pesquisa teórica relacionada a planetas como a Terra que orbitam estrelas anãs brancas. Os pesquisadores descobriram que é possível detectar oxigênio na atmosfera de um planeta ‘anão branco’ com muito mais facilidade que em um planeta como a Terra orbitando uma estrela parecida ao Sol.

Avi Loeb, teórico do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian (CFA) e diretor do Instituto de Teoria e Computação disse: “Na busca por assinaturas biológicas extraterrestres, as primeiras estrelas que estudamos devem ser anãs brancas”, em entrevista ao ScienceDaily.


Estrela anã branca
Está é a terminação dada a uma estrela representando seu estágio de ‘morte’. Sendo assim, ela é menor que as estrelas comuns e com um brilho muito inferior, se comparado com as demais.

O fato é que ao consumir todo o hidrogênio de seu núcleo elas podem se converter a um tipo de estrela conhecida como gigante vermelha. Essas são compostas por um núcleo pequeno e denso de carbono e camadas externas onde se fundem hélio e hidrogênio.

No entanto, as gigantes vermelhas não possuem tamanho suficiente para produzir o calor necessário para continuar desenvolvendo o processo de fusão do material que está em seu núcleo, fazendo com que esse núcleo diminua. Mesmo assim, a densidade e pressão no núcleo aumentam cada vez mais, e quando chega um ponto no qual o núcleo não consegue diminuir, ele acaba se estabilizando a uma densidade de aproximadamente 1.010 kg/m³.

Apesar disso, a parte externa da estrela continua liberando energia e consumindo hélio, tornando-se instável e transformando-se em uma imensa nuvem de materiais que compunham a estrela original.

O que era antes uma gigante vermelha passa a ser duas coisas diferentes: uma grande nuvem fria e difusa, que se conhece pelo nome de nebulosa planetária, e um mínimo corpo celeste que possui um núcleo de carbono, e que está em baixa atividade de fusão de hélio e hidrogênio em sua crosta. Este corpo celeste é denominado uma anã branca.

Voltando ao estudo divulgado recentemente, caso existam planetas nas zonas habitáveis de estrelas anãs brancas, seria preciso encontrá-los antes que se pudesse estudá-los. Aparentemente, a abundância de elementos pesados na superfície da anã branca sugere uma fração significativa de planetas rochosos. Segundo Loeb e seu colega Dan Maoz da Universidade de Tel Aviv, estima-se que pesquisando as próximas 500 anãs brancas seja possível detectar um ou mais planetas habitáveis como a Terra.


Como encontrar esses possíveis planetas habitáveis
Um planeta que orbita uma anã branca tem aproximadamente o mesmo tamanho da Terra. O melhor método para encontrar esses planetas, segundo pesquisadores, é encontrar uma estrela anã que escurece quando um planeta em órbita cruza a sua frente – esse fenômeno é chamado de trânsito.


Só é possível achar esses planetas quando eles estão em trânsito. Pois, quando a luz emitida pela anã branca brilha através do anel de ar que rodeia o planeta, a sua atmosfera absorve um pouco de luz estelar, deixando impressões digitais químicas que podem comprovar se no ar contém vapor de água ou oxigênio.

O telescópio espacial da NASA, James Webb (JWST), será lançado até o final desta década para tentar farejar os gases desses possíveis mundos habitáveis. Os pesquisadores Loeb e Maoz criaram um espectro sintético, simulando o que o JWST iria ver se ele examinasse um planeta habitável em órbita de uma anã branca. Foram constatadas que poucas horas seriam suficientes para detectar oxigênio e vapor de água nesses corpos celestes.

"JWST oferece a melhor esperança de encontrar um planeta habitado no futuro próximo", disse Maoz.

Jornal Ciências

Embraer irá vender Super Tucano para os EUA


Segundo empresa, 20 unidades serão vendidas por US$ 427 milhões.  Contrato anterior, de US$ 355 milhões, foi cancelado há um ano.

A Embraer anunciou nesta quarta-feira (27) que venderá 20 unidades do avião A-29 Super Tucano à Força Aérea dos Estados Unidos por um valor total de US$ 427 milhões.

A brasileira foi selecionada em um novo processo de seleção da Força Aérea dos EUA para a aquisição de aviões de ataque leve, que deu maior peso para a experiência de combate e não pedia demonstração de voo. O primeiro havia sido "posto de lado" devido a supostos problemas com documentos.

As aeronaves serão fornecidas por uma sociedade da Embraer com a empresa americana Sierra Nevada Corporation e serão incorporadas ao programa Apoio Aéreo Ligeiro (AS, na sigla em inglês), informou a companhia brasileira.

O avião foi selecionado para o programa LAS (Light Air Support) ou Apoio Aéreo Leve, diz a Embraer em nota. A aeronave será utilizada para missões de treinamento avançado em voo, reconhecimento aéreo e apoio aéreo tático.

"Após um rigoroso processo licitatório, a USAF considerou que a Embraer Defesa e Segurança e a SNC apresentaram a melhor proposta para cumprir a missão LAS", diz a Embraer. “Nosso compromisso é avançar com a estratégia de investimentos nos Estados Unidos e entregar o Super Tucano no prazo esperado e conforme o orçamento contratado”, disse Luiz Carlos Aguiar, Presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança.

O contrato, no valor de US$ 427 milhões, inclui 20 aeronaves de apoio aéreo tático, equipamentos para treinamento de pilotos no solo, peças de reposição e apoio logístico. A aeronave selecionada para o programa LAS será construída em Jacksonville, Flórida.

Super Tucano
O Super Tucano é um avião turboélice capaz de executar missões como ataque aéreo leve, vigilância, interceptação aérea e contra-insurgência. Segundo a Embraer, a aeronave está em operação em nove forças aéreas ao redor do mundo.

Com mais de 190 encomendas e mais de 170 unidades entregues, o Super Tucano tem mais de 180 mil horas de voo e 28 mil horas de combate.

A aeronave tem sistemas eletrônicos, eletroópticos, infravermelho e laser e sistemas de rádios seguros com enlace de dados e capacidade de armamentos.

Contrato cancelado
Há cerca de um ano, a Embraer havia sido selecionada como fornecedora de aviões de ataque leve, mas o contrato foi "posto de lado", devido a supostos problemas com documentos. A vitória da Embraer no contrato, de US$ 355 milhões, foi contestada na Justiça dos EUA pela norte-americana Hawker Beechcraft.

Em 30 de dezembro de 2011, a Força Aérea dos Estados Unidos definiu que a Embraer, junto com sua parceira norte-americana Sierra Nevada Corp, tinha obtido o contrato para venda de 20 aviões Super Tucano, assim como fornecimento de treinamento e suporte.

Entretanto, a licitação foi paralisada em janeiro, quando a Hawker Beechcraft entrou na Justiça questionando a decisão.

No ocasião, a Força Aérea disse que acreditava que a competição e a avaliação para seleção do fornecedor tinham sido justas, abertas e transparentes. O Super Tucano foi desenvolvido para missões de contra-insurgência e está em uso em seis nações, incluindo a Colômbia, o Equador e Burkina Fasso, na África.

G1

Comentário: Deixa eu ver se entendi direito isso: a colônia exportando produto industrializado para a metrópole???? Quem poderia acreditar numa coisa dessas, hein?! Aposto que os reaças de plantão estão torcendo para a Embraer não conseguir entregar os aviões no prazo para depois poderem acusar a empresa  de "dar prejuízo" e privatizá-la a preço de banana podre como foi feito nos saudosos bons tempos(?) do FHC. Chora PiG, chora demotucanato hihihi

Porque ajudo os animais?


Resolvi publicar essa mensagem para responder certos questionamentos e críticas que venho recebendo, algumas delas bem desagradáveis.

Quem critica aqueles que ajudam os animais tem algum motivo pra isso? Pessoas que falam coisas do tipo "com tanta gente passando fome...", ajudam ou já ajudaram essas pessoas que passam fome?   

Aqueles que citam a música "troque seu cachorro por uma criança pobre", já adotaram (ou simplesmente ajudaram) quantas crianças?  

Criticam os que cuidam dos animais mas nunca estão disponíveis pra ajudar outro ser humano, que dirá um animal de rua!  Não me venham com essa hipocrisia agora de -"pessoas passando fome" e você preocupado com cachorro?, quando são incapazes de comprar um salgado na padaria quando uma criança pede.

São pessoas incapazes de reconhecer a bondade e a boa vontade de outras, pois essas características não fazem parte de suas personalidades egoístas e mesquinhas.  Pensam apenas em si mesmas e como não estão jogando dinheiro fora com "uma besteira dessas".

Pensam, e por pensarem se acham, ser superiores aos animais, mas mal sabem eles que se nós destruirmos todos os insetos (por exemplo) a vida - TODA ELA - na Terra acaba em dois anos. Mas, se todos os humanos forem mortos, a Terra volta a ser o que era, antes da nossa presença, em menos de um século... e arrisco a dizer que não sentirá falta.

Antes de ficar questionando, criticando ou fazendo comentários imbecis sobre "crianças passando fome", responda primeiro a pergunta: e você, o que tem feito?
Doc Costa

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Cabral "alivia" pro Cavendish!

Cabral: Cavendish você é nosso e nós é teu!
Aconteceu o que todos previam: governo Cabral não examinou maioria dos contratos da Delta

A comissão de sindicância do governo do Rio de Janeiro que declarou inidônea a Delta Construções firma suspeita de integrar o esquema de Carlinhos Cachoeira não analisou todos os contratos do Estado com a construtora.


A comissão foi instalada após a divulgação de uma gravação em que o dono da Delta, Fernando Cavendish, dizia ser possível ganhar contratos subornando políticos.

Apesar do exame de todos os contratos estar previsto em decreto, a Auditoria-Geral do Estado (AGE) só analisou 15 das 58 obras executadas pela empresa (só os contratos com os maiores valores empenhados em 2012). Foram excluídas da análise consórcios do qual ela faz parte.
A Gangue continua unida: "Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bundalelê!"
Num contrato do Instituto Estadual do Ambiente foi encontrada irregularidade cuja explicação não satisfez aos auditores do Estado.


SEM IRREGULARIDADES…
O governo do Rio tornou a Delta inidônea em dezembro, mas o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, escreveu que a comissão examinou todas as licitações vencidas pela Delta no Estado e todos os contratos celebrados e não encontrou neles qualquer irregularidade. Os papéis da comissão contradizem a afirmação: não foram examinados gastos de R$ 192 milhões.

O governo do Rio disse que analisou “quase todos os contratos em vigor” da Delta Construções. O governo diz que foram analisados 87,2% dos contratos – a conta exclui os contratos já encerrados.

Segundo o Estado, o objetivo era avaliar uma punição para a empreiteira e que “a ela foi aplicada a pena mais rigorosa que se pode aplicar a uma empresa no Brasil”.

Tribuna

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vitória da vergonha


 Folha consegue manter censura do blog Falha de S.Paulo


O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu nesta quarta-feira ,20, que o blog Falha S. Paulo deve continuar fora do ar. O blog, criado pelos irmãos Mário e Lino Bocchini, era uma divertida paródia do jornal Folha de S.Paulo e brincava com os recorrentes erros da publicação.

A decisão de manter a CENSURA ao Falha de S.Paulo deixou de lado todo o debate sobre liberdade de expressão e se baseou apenas nas leis de Mercado. O desembargador Edson Luiz de Queiróz manteve o blog fora do ar com a justificativa da similaridade entre o nome Falha de S.Paulo e a marca registrada pela Folha de S.Paulo.
Além de um caso óbvio de censura judicial, a manutenção da CENSURA ao Falha de S.Paulo abre um precedente perigoso para a liberdade de expressão, principalmente em relação a sátira e a ironia.

Por exemplo, que se cuide o programa Pânico da TV, exibido pela TV Bandeirantes. Ao satirizar novelas da Globo, o humorístico costuma utilizar-se do mesmo recurso utilizado pela Falha de S.Paulo. Um quadro que faz uma paródia da novela Salve Jorge, da TV Globo, chama-se Salve George. Todo cuidado é pouco de agora em diante. A não ser que o que se fez com a Falha só seja utilizado contra veículos de comunicação que não se alinham ao PiGuismo.

Este blogueiro faz coro as palavras do relator especial da ONU para a liberdade de expressão, Frank La Rue, sobre o caso Falha x Folha: “É interessante esse uso da ironia que vocês fizeram usando as palavras Folha e Falha. Uma das formas de manifestação mais combatidas hoje em dia, e que deve ser defendida, é o jornalismo irônico”, disse em visita ao Brasil.

Este julgamento transformou uma questão de liberdade de expressão em um debate comercial com um único objetivo: calar os críticos do jornalão da família Frias. Ou alguém consegue ser ingênuo o suficiente para acreditar que o que incomodou a Folha foi a questão comercial, a similaridade do seu nome com o domínio de um blog sem nenhuma publicidade ou outra modalidade de retorno financeiro?

A vitória da Folha é a vitória da CENSURA. Mas para um veículo de comunicação que colocava seus carros à disposição dos órgãos repressores e que hoje em dia ainda diz que vivemos naqueles dias uma ditabranda, isso não deve representar muita coisa.

Blog do Rovai

Claudio Leitão: Radicalidade e Mudanças


A palavra radical vem do latim “radicale”, e etimologicamente, deriva da palavra raiz. No campo político “ser radical“ é encarado negativamente por diversos seguimentos da nossa sociedade, principalmente, por setores mais conservadores que abominam mudanças que possam abalar seus privilégios. 

Nós do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, fundado em 2005, a partir de um grupo divergente do PT, somos muitas vezes, assim carimbados. Lembro da campanha presidencial de 2006, onde a ex-senadora Heloisa Helena recebia os elogios de inteligente, corajosa e honesta, mas era tachada de muito radical. O mesmo aconteceu com Plínio de Arruda Sampaio em 2010.
Guardada as devidas proporções, tal fato, tem se repetido comigo e com os demais companheiros do partido quando participamos do processo eleitoral ou qualquer debate na mídia e nas redes sociais.

Somos militantes da esquerda socialista e opinamos  sobre diversos fatos políticos e sociais que ocorrem em nossa cidade, nosso país e até no mundo, e também recebemos críticas por opiniões consideradas radicais.

Devido nossa formação política e ideológica temos um olhar crítico sobre este modelo neoliberal e globalizante que querem nos impor como verdade absoluta e pensamente único. 

O mais engraçado de tudo isso é que grande parte dessas pessoas que fazem críticas, quando perguntadas sobre o atual estado das coisas, principalmente, no campo político, reclamam e pedem mudanças. Fica a pergunta: Que tipo de mudanças se fazem necessárias?

Será que basta uma mudança “meia boca”.  Uma “melhorazinha“ aqui e outra ali. Isso atende as nossas necessidades? Qual a profundidade das mudanças que seriam realmente transformadoras?
Ser radical não é ser negativo. É lutar por mudanças que possam atingir a raiz do problema. Encontrar soluções que possam mudar a vida das pessoas para melhor, de forma a impedir retrocessos.

Somos adjetivados como radicais por lutarmos por uma reforma política que possa restabelecer a ética e as boas práticas políticas. Por lutarmos por mudanças no modelo econômico que possam trazer mais igualdade e justiça social. Por combatermos com firmeza à corrupção, um câncer que atrasa o desenvolvimento do país. Por batalharmos pela total transparência no trato com a coisa pública. Por acharmos que o capital humano tem que estar acima do capital financeiro. Que o desenvolvimento tem que estar subordinado a preservação ambiental, respeitando o planeta e as futuras gerações. 

No plano municipal, somos radicais por lutarmos contra um modelo de gestão que enriquece há décadas uma elite política em detrimento da maior parte da população que não é atendida com políticas públicas eficazes na saúde, educação, habitação e geração de emprego.

No atual estágio não cabem mais meias-medidas. Precisamos de mudanças profundas que só virão com muita luta e participação popular. Precisamos atacar a “raiz“ de todas essas situações, senão, ficaremos no terreno das “melhorazinhas”, dependendo da “ajuda e favores” de quem não quer mudar coisa alguma.

José Sarney, Renan Calheiros, Serra, Paulo Maluf, Dilma, Lula, FHC,  Sergio Cabral, Jânio Mendes, Marquinho Mendes, Alair Correa e outros em nosso Estado e Município se orgulham de não serem radicais, querem que tudo permaneça como está. Querem que você acredite que tudo é assim mesmo e que agentes políticos são todos iguais.

De minha parte, vou continuar sendo radical. Vou continuar lutando pela cidadania plena e participativa. Eu sou um daqueles teimosos que se recusam a abandonar seus sonhos e suas utopias. Pessimismo da razão e prática da vontade, ensinava Gramsci há muito tempo atrás.


“ Um sonho quando sonhado por muitos e ao mesmo tempo, torna-se uma inevitável realidade”.                    Raul Seixas
Cláudio Leitão é economista e membro da executiva do PSOL Cabo Frio.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Deliberações da assembleia da rede estadual do dia 23/02


Calendário:

Dia 5 de março - paralisação 24 horas. Lançamento da Campanha Salarial 2013. Marcha da Educação em conjunto com FEDEP- da Candelária a Cinelândia. Concentração às 16 horas na Candelária; saída às 17 horas.

13 horas- Assembleia da categoria;

Indicativo para que os núcleos e regionais realizem assembleias Locais

Dia 8 de março- Marcha Unificada do 8 de março: Contra todas as formas de violência contra as mulheres: da Candelária à Cinelândia
21 de março- Marcha dos estudantes/Educação
24 de abril- Marcha Nacional em Brasília
No dia 2 de março haverá uma plenária unificada dos/as funcionários/as administrativos/as


Eixos da Campanha:

1) Salarial: 
R$ 3 mil para magistério e R$ 2 mil para funcionários/as com base no piso histórico de 5 salários mínimos para professores/as e 3,5 para funcionários/as administrativos/as

2) Direitos:
• Plano de Carreira Unificado com paridade para aposentados/as, incluindo professores/as indígenas;
• À lotação dos/as professores/as e funcionários/as;
• Efetivação dos/as animadores culturais;
• Iaserj e a saúde pública;
• Concurso público já e fim da certificação

3)Gestão Democrática:
• Eleições para direção nas escolas;
• Liberdade de expressão e organização;
• Fim do assédio moral;
• Eleição de representante das escolas e formar comitês por escolas

3) Pedagógico:
• 1/3 da carga horária para planejamento;
• 1 matrícula, 1 escola;
• Nenhuma disciplina com menos de 2 tempos de aula em todas as séries;

A Assembleia se posicionou contra a resolução que trata do tempo de planejamento, no sentido de ser cumprido dentro da escola;

SEPE

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Nota oficial do Sepe sobre a compra pela prefeitura do Rio de kits do jogo “Banco Imobiliário – Cidade Olímpica”


O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe/RJ) repudia o uso de dinheiro público por parte da prefeitura do Rio de Janeiro na compra e distribuição de milhares de kits do jogo "Banco Imobiliário - Cidade Olímpica", que está sendo distribuído nas escolas da rede municipal.

Esta verba poderia ser usada na valorização do salário dos professores e funcionários administrativos ou com a melhoria das condições das escolas.
Também é altamente questionável considerar o jogo Banco Imobiliário como um jogo pedagógico.

O Sepe vai denunciar o caso ao Ministério Público e pedir providências contra o mau uso das verbas públicas.

Diretoria do Sepe/RJ

SEPE

"Problema da América Latina sempre foi a elite, que nunca trabalhou para o bem comum"

Um dia depois de ser reeleito, presidente Rafael Correa, do Equador, traça suas principais metas para seu próximo mandato

Ainda antes de ser reeleito como presidente do Equador, Rafael Correa definiu a consolidação de sua Revolução Cidadã como seu principal objetivo para os próximos quatro anos.

Vencedor do pleito do último domingo com mais de 55% dos votos e sem a necessidade de disputar um segundo turno, Correa coloca a elite dominante e a imprensa do país como os maiores adversários de seu governo. “Eles nunca trabalharam para o bem comum.”

Em entrevista realizada um dia depois das eleições, o presidente equatoriano também analisa a situação política da América Latina, critica a política externa de Barack Obama para a região e fala sobre seus planos para 2017, quando pretende deixar a vida pública.

Russia Today (RT): Para começar, gostaria de saber como passou a noite de sua vitória. Teve tempo para dormir o descansar um pouco?
Rafael Correa: Nesse trabalho, não há muito tempo para descansar. Chegamos em casa à 1h da manhã. Faço o possível para não perturbar a vida cotidiana de minha família. Então, às 7h levo meus filhos à escola e dali vou para o Palácio, continuar trabalhando. Temos cansaço acumulado. Já estamos habituados.

RT: As pesquisas previam 60% dos votos. Acertaram (com 70% das urnas apuradas, Correa tem 57% dos votos).
RC: É, foram bem precisas, porque havia indecisos. Temos alguma experiência... Tínhamos 62-61%, mas havia cerca de 20% de indecisos, os que não se haviam decidido por proposta forte como a nossa; o mais provável é que escolhessem outros setores políticos. Assim, sabíamos que os números poderiam ser menores. Seja como for, começamos a campanha com 52%. Nosso objetivo era não perder nenhum desses votos. Começamos a subir e chegamos a 57-58%. Só tenho a agradecer ao povo equatoriano.

RT: Mas não houve nervosismo... 
RC: Algum nervosismo sempre há. Trabalhamos, na campanha, como se não tivéssemos nenhum voto. Foram 32 dias muito intensos, fiquei sem voz, mas foi uma bela campanha, bastante bem coordenada, com mensagem profunda. Tudo funcionou quase perfeitamente: equipe de campanha, organização política, autoridades, militantes, os comitês da Revolução Cidadã, que são grupos de cidadãos que se organizam para dar apoio a essa revolução. E aí estão os resultados. São resultados contundentes. E insisto: só tenho a agradecer ao nosso povo. Claro, também, que mantenho o compromisso de não falhar com os equatorianos.

RT: O senhor diz que foi uma bela campanha. Mas o senhor criticou os meios eletrônicos e há boatos de que a CIA prepara um golpe para desestabilizar o Equador. De que se trata, exatamente?
RC: Foi uma bela campanha, de nossa parte, porque foi com alegria, música, um programa muito bem elaborado de governo, resumido em 10 eixos, com 35  propostas muito concretas. Sinceramente, é o melhor plano de governo da história do Equador.

Mas, sim, enfrentamos campanha suja, na qual intervieram serviços de inteligência daqui e do exterior. Alguns dos nossos opositores, os menos éticos, são militares da reserva, com experiência em inteligência, os quais, quando não conseguem vencer nas urnas, trabalham para destruir a moral, agridem a família, agridem a honra de amigos nossos. Tivemos, sim, algumas dessas patrañas e, sim, foram organizadas, principalmente, pelas redes sociais. Graças a Deus o povo equatoriano soube ignorá-las. A CIA também... falou-se, mas nada foi provado, que haveria 87 milhões de dólares para financiar a oposição, com o objetivo de desestabilizar o governo, para impedir que vencêssemos e, no caso de vencermos, como aconteceu, para nos desestabilizar. Não se pode nem confirmar nem desmentir essas denúncias gravíssimas, sem investigação muito mais profunda.

RT: Sua imagem não foi abalada durante a campanha?
RC: Não. Mas sem dúvida houve campanha suja. E a campanha de sempre, de alguns veículos que tomam partido e não fazem o trabalho de informar.

RT: Em 2010, houve aqui uma tentativa de golpe de Estado que ninguém previu naquele momento. Deve-se esperar algo parecido agora? Provocação semelhante?
RC: Não se pode excluir completamente o risco. Olhe à volta: o contexto daquele golpe de Estado foi a imprensa desinformando... E os membros da oposição política, que se diz democrática, foram os primeiros a apoiar os golpistas, pediram a renúncia do presidente – o mais violentamente agredido. Tomaram medidas para desestabilizar o governo. E agora, na campanha, proclamavam o quanto respeitam a Constituição.

Evidentemente, não se pode excluir o risco da imprensa corrupta – porque também há melhor imprensa –, a imprensa que nada tem de ética, a mesma imprensa que já não tem poder para impor e derrubar presidentes. Ontem, ficou demonstrado. Mas, sim, aquela imprensa corrupta ainda tem capacidade para provocar grande dano. Sempre podem difundir alguma outra mentira, que, sim, pode nos prejudicar muito. Por isso, não se exclui essa possibilidade. Temos de nos manter muito atentos, sempre, a essas tentativas de desestabilizar governos eleitos.

Grande parte do que houve dia 30/9/2010 aconteceu porque a imprensa informou mal, disse aos policiais e militares que perderiam benefícios, salários, até as medalhas... De fato, foram canceladas várias dessas coisas, que, em seguida, foram unificadas em salário muito maior. Mas isso, precisamente, a imprensa não informou. Enganaram muita gente. E, sim, podem criar outra vez clima semelhante. É preciso atenção extrema.

RT: Seu opositor nessas eleições, Guillermo Lasso, que alcançou 24% dos votos, disse que o senhor é o presidente dos ricos.
RC: Eu?! Considero Guillermo Lasso homem inteligente e não acredito que tenha dito tal coisa. Até que o ouça dele mesmo, dou-lhe o benefício da dúvida, porque seria a maior tolice que Lasso jamais disse. E, afinal, não chegará aos 24%. Faltam alguns votos. 

RT: Mas há quem diga também que algumas reformas feitas no país, reformas tributárias, por exemplo, funcionam em benefício só dos ricos. O que o senhor tem a dizer?
RC: Que reforma tributária beneficiou só os ricos? [risos]

RT: Foi o que disseram os opositores.
RC: A única proposta de todos os demais candidatos foi reduzir impostos. Porque, pela primeira vez no Equador, os ricos pagam impostos. A evasão ficou impossível. Antes, eles nem se preocupavam se os impostos eram altos ou baixos, porque não pagavam imposto algum, sonegavam e nada lhes acontecia. Por isso, agora que a sonegação e a evasão ficaram impossíveis, a proposta de eliminar todos os impostos foi derrotada nas urnas, já duas vezes. Mas os ricos nunca pagaram impostos e agora pagam. Duvido, sinceramente, que Guillermo Lasso, pessoa inteligente, tenha dito tal barbaridade. Em todo o caso, é extremamente claro quem é o candidato das elites no Equador.

RT: No ano passado, houve muita polêmica em torno do caso de Julian Assange. Quais os objetivos do Equador, quando decidiu dar-lhe asilo?
RC: Que polêmica? Por que teria havido polêmica? Da próxima vez que a Suécia, onde vivem muitos asilados latino-americanos, decidir dar asilo a alguém, também haverá ‘polêmica’? Na minha opinião, há, nessa história, muito de neocolonialismo. Este governo, este presidente e este país não aceitarão essas manobras. Não temos de pedir licença a ninguém para exercer nossa soberania. É figura definida, bem claramente, no direito internacional. O Equador exerceu a própria soberania, nos termos do Direito Internacional, e não devemos explicações a ninguém, nem temos de pedir desculpas, nem de pedir autorização a seja quem for.


Na prática, toda a solução da questão Julian Assange depende hoje da Europa. Se, amanhã, a Grã-Bretanha lhe dá o salvo conduto, acaba o problema. Se a Suécia o interrogar, como a lei sueca admite, por vídeo, como pode fazer ou enviando um Promotor à Embaixada do Equador em Londres, como também pode fazer, acaba a confusão. Assange foi convocado para interrogatório. Não há nem sequer acusação formal contra ele, de coisa alguma. Se o advogado do Sr. Assange nas cortes europeias, o Dr. Baltasar Garzón, obtiver autorização para que o asilado deixe a Embaixada do Equador em segurança, acaba-se a questão. Agora, tudo depende da Europa. O Equador fez o que tinha de fazer, no exercício de sua soberania. Não pedimos nem vamos pedir licença a seja quem for. Não devemos desculpas a ninguém, nem explicações. País algum jamais pediu desculpas a alguém, por exercer a própria soberania.
RT: E quando o senhor supõe que se resolverá isso?
RC: Amanhã, se a Grã-Bretanha quiser resolver. Mas há aí muita soberba, muita arrogância, muito de neocolonialismo. Querem de nós explicações por conceder um asilo? Como assim? O que significa isso? E querem também que revertamos decisão já tomada. Não o faremos. Nunca.

RT: O senhor acredita, como o próprio Julian  Assange, que pode acontecer de ele ser extraditado para os EUA, não para a Suécia?
RC: Bem... Havia alta probabilidade. O caso do Sr. Assange foi estudado detidamente, durante várias semanas, aqui no Equador. Entendemos que aquele pedido de asilo tinha fundamento e concedemos o asilo.

RT: Digamos que, ontem, não foi noite só de sua vitória, que foi uma pequena vitória também para Hugo Chávez, que voltou à Venezuela. O senhor foi dos primeiros a visitá-lo em Cuba e dedicou sua vitória também a ele. O que sabe de seu estado de saúde e quando imagina que possa voltar às suas funções?
RC: Bem, estive com ele antes da operação, sem dúvidas operação delicada, mas quem o visse, sem saber da doença, diria que estava perfeitamente normal, com bom ânimo, muito bom aspecto. Mas, sim, que se tratava de operação delicada, todos sabíamos. A notícia que temos é de que se está recuperando. Excelente notícia, que tenha podido voltar à sua amada Venezuela. Ama Cuba, mas a Venezuela é sua pátria, a terra natal, e estou certo de que estar em casa será o melhor remédio para a rápida recuperação de Hugo. Desejo-lhe rápida recuperação. Que não seja cabeça dura. Das primeiras coisas que fez, depois de agradecer à Venezuela, foi mandar-me felicitações... Ele agora tem de não pensar, por uma semana, no que acontece na América Latina e concentrar-se na recuperação.

RT: O senhor acredita que a recuperação seja possível?
RC: Não sei. São desejos. Não sei se realizarão.

RT: Digamos, no caso de que Hugo Chávez não possa voltar às funções de antes. O senhor está disposto a assumir papel mais importante na América Latina?
RC: Sempre me fazem essa pergunta e, com todo o respeito, o que mostra é desconhecimento do que se passa na América Latina. Quem aqui está buscando algum protagonismo? Hugo tem liderança natural.

RT: Mas a questão existe, na arena internacional. Vê-se como…
RC: Há alguns fatos, há práticas, mas ninguém busca ascensão continental. Essas coisas não funcionam assim, entre nós: se vou ser novo líder depois de Hugo, mas Hugo está aí e continua. Então eu seria o vice-líder. Nada disso funciona assim, aqui. Estamos aqui para servir o povo, ninguém está procurando... E falo por mim, por Cristina, por Evo, por Hugo, por Dilma, por todos os coordenadores desse processo de mudança histórica na nossa América Latina. Nenhum de nós busca poder para si, nada queremos para nós; queremos tudo para os nossos povos. Estaremos onde o povo mais necessite de nós, como o mais humilde dos cidadãos, como qualquer operário que constrói a pátria todos os dias, o camponês ou o presidente da República, mas sempre para servir ao povo, sem ambições pessoais.

RT: Barack Obama foi reeleito. Hugo Chávez  e o senhor, também. Todos os atores chaves nesse hemisfério mantêm as respectivas posturas. Até que ponto, com os mesmos jogadores, pode mudar a situação no continente?
RC: Mudar em que sentido?

RT: No sentido das mudanças que esse bloco queria. Para a Revolução Cidadã, por exemplo.
RC: Entendo que o presidente Obama seja boa pessoa, mas infelizmente nada mudou na política externa dos EUA. A moral dupla prossegue. Insistem em dar-nos aulas de Direitos Humanos e tal, e mantêm as torturas em Guantánamo. Se os grandes ditadores por aqui, os mesmos que massacram sua gente, se são aliados incondicionais dos EUA, viram grandes democratas, e são promovidos, dão-lhes emprego e os põem a dar aulas em Washington. E presidentes totalmente democráticos, você viu, ontem, como esse que aqui lhe fala, que dá a vida em defesa dos direitos humanos de seus cidadãos, se não somos seguidores incondicionais de Washington, somos nós os ditadores, os que atentamos diariamente contra a liberdade de imprensa, contra as liberdades fundamentais. Isso, infelizmente, não mudou.

Repito que o presidente Obama parece ser bom ser humano, boa pessoa, mas a política externa dos EUA, sobretudo para a América Latina, absolutamente não mudou. E tem de mudar, porque essa dupla moral é inaceitável.

RT: Depois de vencer as eleições, o senhor disse que sua meta é que a Revolução Cidadã seja irreversível. Mas que passos devem ser tomados para que assim seja?
RC: Temos de acabar de consolidar a nova instituição do Estado. O ponto de partido é mudar as relações de poder. O problema da América Latina sempre foi as elites dominantes. Nunca foram elites progressistas, modernizadoras, que trabalhassem para o bem comum. Foram elites que se apropriaram dos frutos do progresso técnico e apropriaram-se deles de forma excludente, para ter seus bairros exclusivos – em um dos quais mora o Sr. Lasso, que diz que eu representaria as elites.

A senhora, se quiser entrar no condomínio onde mora o Sr. Lasso, onde há lagos artificiais, precisa ter um cartão magnético de identificação. Eu não entro, porque sou escurinho. Para ter esses bairros exclusivos, emparedados, para ter suas escolas exclusivas que nem por isso são as que dão melhor educação, mas são tão caras que só os ricos podem frequentá-las... E os ricos casam-se entre os ricos. Para casar ‘bem’ também os filhos e perpetuar a linhagem e a dominação. Eles têm seus clubes exclusivos...

Esse é o tipo de elite que manobrou a América Latina. São os poderes que manobraram nossos países, que se traduziram em estados aparentemente burgueses, de fato, aristocráticos, que representam uns poucos, bem poucos, excluindo as grandes maiorias. A Revolução Cidadão implica, basicamente, mudar essa relação de poderes com vistas a atender os cidadãos, em função das imensas maiorias, em função do ser humano, antes do capital. Porque o capital também nos dominou como está dominando na Europa, vale lembrar. E converter esses estados só aparentemente burgueses em estados integrais, populares, que nos represente todos e todas.

Já avançamos muitíssimo, mas tudo ainda pode ser perdido. Essa é a mensagem do povo equatoriano, nesta reeleição. Temos de tornar irreversíveis as mudanças que já alcançamos nas relações de poder, para que, no Equador, os cidadãos continuem a governar como governam hoje. Para que nunca mais voltem a governar, aqui, os banqueiros, os meios corruptos de comunicação, os países hoje hegemônicos, as burocracias internacionais como o FMI e, ainda pior, o capital financeiro – todos os agentes que dominavam e governavam o Equador, antes da Revolução Cidadã.

RT: Trata-se também de mentalidade. Quanto mudou a mentalidade das pessoas, nesse sentido?
RC: Mudou muitíssimo. A senhora dizia, antes da entrevista, que não conhecia o Equador, que só conheceu o país este ano. Mas se tivesse vindo há seis anos, não havia estradas, não havia bons serviços públicos, não havia nada. Recebemos um país destroçado. Mas, mais importante que as estradas, as escolas, os hospitais, as represas, os portos e aeroportos, é a mudança na mentalidade dos equatorianos. Nos haviam castigado tanto, uma oposição com líder político medíocre, uma imprensa que, para nos controlar, roubava-nos qualquer esperança, nos convencia de que éramos os mais inúteis, mais corruptos, mais preguiçosos seres do planeta. Tanto nos bombardearam com esse discurso, que se pode definir a situação, antes, como o país da desesperança.

Essa é a maior mudança que observo: vê-se que as pessoas estão motivadas, orgulhosas do que se faz em sua terra, sentem-se representadas pelo próprio governo, recuperaram a autoconfiança. É o essencial para seguir adiante, mais importante que as estradas e a infraestrutura reconstruída: a atitude das pessoas. E essa atitude mudou radicalmente. Mudança de 180 graus.

RT: Mas  eles têm também muita confiança no senhor e em seu governo. Sua popularidade é incrível e continua crescendo. A que se deve isso, depois de tantos anos de governo?
RC: É como diz Cristina Kirchner [presidente da Argentina]: são processos inéditos na América Latina. Antes, um governo vencia eleições com 52% dos votos. Em um ano, o apoio popular despencava para 15%, quer dizer, o desgaste no exercício do poder era muito rápido. Agora é o contrário: o apoio popular consolida-se. Uma das explicações, de nossa querida amiga Cristina é que, afinal, os governos se parecem com o povo. Antes, eram governos que queriam imitar estrangeiros, obedeciam a interesses estrangeiros falavam espanhol, mas pensavam em inglês, quando pensavam. Hoje temos governos honestos, que trabalham, que cometem erros, mas são dedicados, sacrificam-se, amam o país como o amam os que os elegem para representá-los. As pessoas, afinal, sentem-se representadas pelos governos.

RT: Que visão o senhor tem para o Equador dentro de quatro anos? Como vê o país?
RC: Quando sair, quero deixar um país. Obviamente, não conseguiremos resolver todos os problemas. Mas somos o país que mais reduz a pobreza na América Latina; somos o país que mais reduz a desigualdade, e a América Latina é a região mais desigual do mundo. Somos uma das três economias que mais crescem. Somos a economia com menor taxa de desemprego, 4,1%. Mas, apesar de todos esses sucessos, não conseguiremos, nos próximos quatro anos, resolver todos os problemas. Ainda haverá pobreza, desemprego, desigualdade.

O importante é deixar o país posto, irreversivelmente, na trilha rumo à justiça social, ao desenvolvimento, na trilha desse conceito que propusemos ao mundo – o conceito do buen vivir, do bom viver. Para isso, como já disse, o básico é mudar as relações de poder: que o Equador seja governado pelo povo do Equador, não por banqueiros, não por empresas jornalísticas, não por países estrangeiros. Que, no Equador, o ser humano domine. Não o capital.

RT: Senhor presidente, há também quem discorde que a pobreza aumentou, pois há mais gente que recebe a ‘bolsa pobreza’. Queria, por favor, que o senhor explicasse.
RC: É o argumento que a imprensa inventou. É tão infantil. Quem diz que o Equador é o país que mais reduziu a pobreza não é o meu governo: é a ONU. Não são indicadores locais. São números da Comissão Econômica para a América Latina, CEPAL, da ONU. Para desmentir esses números, inventaram um argumento infantil.

Hoje transferimos dinheiro para os mais pobres, principalmente para mães que trabalham em casa, as mais pobres da população. Quando chegamos ao governo, eram 1.200.000; hoje, são cerca de 1.900.000. A imprensa olha esses números e conclui: a pobreza aumentou... Ninguém jamais considera que as estatísticas eram precárias, que a base era errada. Nós corrigimos a base. Incluímos cerca de 400 mil mães excluídas e retiramos da base 200 mil que não deviam estar lá. De fato, foram incluídos novos 200 mil que recebem o auxílio-pobreza. Nos depuramos, corrigimos a base.

A imprensa ‘interpreta’ que há, hoje, mais pobres... Dia seguinte, não há estatísticas de tuberculose. Construímos a pesquisa e a estatística. Descobre-se que há 20 casos de tuberculose. A imprensa ‘noticia’: “Aumentou a tuberculose”. Nada disso. Hoje já temos estatísticas.

Antes, o auxílio-pobreza não era dado aos portadores de necessidades especiais. Agora, com as políticas de vanguarda que se desenvolvem no Equador, cerca de 150 mil deles já recebem essa transferência monetária, que é de 50 dólares. Antes, os idosos não recebiam o auxílio, nem tinham direito a aposentadoria. Dos 700 mil idosos sem aposentadoria que temos no Equador, 500 mil já recebem a transferência monetária.

Some tudo e terá os quase 2 milhões de auxílios que distribuímos. Para os gênios da mídia, significa que a pobreza aumentou. Merecem o Prêmio Nobel de Economia. Veja o nível de oposição e os jornais, jornalistas e redes comerciais de comunicação que temos de enfrentar aqui... A pobreza, aí sim, parece, sem remédio: pobreza intelectual e ética.

RT: O senhor disse também que é seu último mandato. Que se vai, depois desses quatro anos. Não imagino uma pessoa como o senhor, deixando serviço por terminar. Mas é impossível terminar todas essas mudanças em quatro anos.
RC: Sim, mas também há outros que podem continuar construindo a patria nueva. Antes de ser presidente, estive, toda a vida, na Universidade. Era feliz dando aulas, de tênis, jeans, camiseta. E também fui muito feliz na presidência, cuidando de fazer o melhor possível pelo meu povo. Quando me aposentar, se Deus quiser, também serei feliz com minha família. Devo muito à minha família, cuja vida familiar foi muito gravemente perturbada, porque, eu na presidência, minhas filhas perderam privacidade, têm de andar com seguranças, recebem ameaças, ouvem campanhas horrendas de difamação, realmente repugnantes. Então, devo esse tempo à minha família.

E também, como a senhora já disse, minha presença é forte demais. Com certeza não perturbarei a existência de quem venha depois de mim, se continuar na política. É o que menos desejo.

Temos sido muito cuidadosos na preparação de quadros, que venham os novos quadros. Depois desses quatro anos, penso retirar-me, não só da presidência, mas também da vida pública.

RT: O senhor mencionou sua família. Dizem que leva seu filho à escola.
RC: Sim. Hoje cedo, deixei os dois na escola.

RT: Hoje, um dia depois da reeleição? E como encontra tempo para...
RC: Sou rápido. Retomar a vida normal, na medida do possível. Porque, não se engane, tudo isso altera a vida. Minha família não mora aqui no Palácio. Continuamos na mesma casa de classe média, ao norte de Quito. Mas foi preciso instalar segurança, sistemas de vigilância... Tudo isso atrapalha. Há quem goste, mas, para mim, essa é uma das partes mais difíceis da presidência: ter de viver cercado de seguranças, a sensação de perigo sempre iminente, nenhuma privacidade. Além dos que vivem para justificar o próprio ódio: “Correa, odeio você.” E põe-se a inventar ataques, até que ... “Ah, já entendi porque odeio você: porque você fez tal coisa...” Têm sempre de provar algum mal, para justificar o ódio. Nada é mais terrível que isso!



Opera Mundi

Entenda por que o meteorito causou tantos estragos na Rússia

Meteorito passa próximo à estrada na região de Kostanai
Especialistas explicam os motivos que levaram ao grande número de feridos e a relação do evento com o asteroide que vai passar a 27 mil quilômetros da Terra nesta sexta

Um meteorito caiu no céu da Rússia nesta sexta-feira (15), causando uma onda de choque que quebrou janelas e feriu quase mil pessoas na região dos Montes Urais. Em Chelyabinsk, cerca de 1,5mil km a leste de Moscou, a maior cidade afetada da região, houve pânico, pois as pessoas não sabiam o que estava acontecendo. Veja abaixo por que a rocha incandescente caiu no céu e entenda o motivo de tantos estragos e 500 feridos.


- Qual a diferença entre meteoros e meteoritos? 
Meteoros são pedaços de rochas do espaço, normalmente provenientes de grandes cometas ou asteroides e que entram na atmosfera terrestre. Muitos são incandescentes por causa do calor da atmosfera. São raros os que suportam o choque ao entrar na atmosfera terrestre e se chocam com a crosta terrestre, estes são chamados de meteorito. Os meteoritos sempre atingem o solo com muita velocidade, mais de 30.000 quilômetros por hora, de acordo com a agência espacial europeia. Eles também liberam uma grande quantidade de energia.

- É comum meteoritos caírem do céu? 
Especialistas afirmam que pequenos choques ocorrem de cinco a dez vezes por ano. Grandes impactos, como este na Rússia, são mais raros, costumam ocorrer a cada cinco anos, de acordo com Addi Bischoff, mineralogista da Universidade de Muenster, na Alemanha. Muitas destas quedas acontecem em locais inabitados e, portanto, não causaram ferimentos em humanos.

- O que causou os problemas na Rússia? 
Alan Harris, cientista do Centro Aeroespacial Alemão, em Berlim, disse que a maior parte dos danos foi provocada pela explosão do meteoro quando ele entrou na atmosfera, A explosão causou uma onda de choque que quebrou o vidro das janelas e fez com que objetos voassem pelo ar num raio de vários quilômetros. No momento que os fragmentos atingiram o solo, eles eram muito pequenos para causar danos significativos em locais afastados do local de impacto, disse o cientista.

- Há alguma relação entre este evento e o asteroide que vai passar perto da Terra nesta sexta? 
Não, isto é apenas uma coincidência cósmica. De acordo com o porta-voz a agência espacial europeia, Bernhard Von Weyhe, não há relação alguma entre o asteroide 2012DA14 e o meteorito na Rússia.

- Quando foi a última vez que ocorreu algo comparável ao meteorito que atingiu a Rússia? 
Em 2008, astrônomos observaram a mancha de um meteoro vindo para a Terra cerca de 20 horas antes de ele entrar na atmosfera. Ele explodiu sobre o Sudão e causando dados desconhecidos. A maior queda de meteorito que se sabe foi o que caiu em Tunguska, também na Rússia em 1908. Porém, mesmo este meteorito, que era muito maior do que o que caiu sobre os Montes Urais, nesta sexta-feira, não feriu ninguém. Muitos cientistas acreditam que um meteorito muito grande pode ter sido responsável pela extinção dos dinossauros , há cerca de 66 milhões de anos. De acordo com essa teoria, o impacto teria lançado grande quantidade de poeira que cobriu o céu ao longo de décadas e alterou o clima da Terra.


- O que cientistas podem aprender com o evento desta sexta-feira? 
Bischoff afirma que cientistas e caçadores de tesouro provavelmente já estão correndo para encontrar pedaços do meteorito. Alguns fragmentos de meteoritos podem ser muito valiosos, chegando a custar mais de 670 dólares por grama, dependendo de sua composição. Como os meteoros têm permanecido praticamente inalterados durante bilhões de anos - ao contrário das rochas da Terra que foram afetadas pela erosão e surtos vulcânicas – cientistas têm interesse em estudar seus fragmentos para saber mais sobre as origens do universo.

- O que aconteceria caso o meteorito atingisse uma metrópole? 
Cientistas torcem para que isto nunca aconteça, embora estejam se preparando para enfrentar tal evento. Von Weyhe, porta-voz da agência especial europeia afirma que especialistas da Europa, Estados Unidos e Rússia ainda discutem como monitorar potenciais ameaças antecipadamente e alertá-las. Porém, não espere uma missão no estilo hollywoodiano que tenha o intuito de lançar uma bomba nuclear para explodir um asteroide.

“Isto é um desafio global e precisamos encontrar uma solução em conjunto”, disse Weyhe. “Porém, de uma coisa estamos certos, o método usado por Bruce Willis no filme Armageddon, não funciona”.

iG

Mais um partido “PRÊT-À-PORTER”.*

Chico Alencar - Deputado Federal (PSOL)
Comentário: Marina disse que seu partido, a Rede, "não será de esquerda, nem de direita, estamos à frente”, ou seja, vai ser a vanguarda do peleguismo e das negociatas por cargos e benesses no governo! Mais uma legenda de aluguel, como se o Brasil já não tivesse o suficiente...

A ex-senadora Marina Silva, ao lançar o partido pelo qual pretende disputar a presidência da República, repetiu letra por letra a mesma declaração feita por Gilberto Kassab ao anunciar o seu próprio ajuntamento partidário. A mesma localização espacial indefinida em relação aos governos: “nem situação, nem oposição”.  A mesma ideologia da “desideologização”: “o novo partido não será de esquerda, nem de direita, estamos à frente”.

Diante do declarado, torna-se inevitável a dolorosa constatação: começou mal. E em péssima companhia. O movimento ostentava fumos de novidade e reunia condições para ser diferente do que o discurso de lançamento prenuncia. Foi um balde de água fria, principalmente para aqueles que, em face da degradação do nosso atual sistema partidário, nutriam grandes expectativas no surgimento de algo novo. No reverso do esperado, impossível discordar do humorista José Simão, sempre certeiro em suas súmulas: “o partido da Marina é o PSD que não come carne!”. 

É bom lembrar que “esquerda” e “direita” são conceitos usados há mais de dois séculos para designar o contraste entre interesses, valores, ideologias e movimentos em que se divide o universo, sempre conflituoso, do pensamento e das ações políticas. O insuspeito Norberto Bobbio, estudioso sério e oriundo da boa cepa do liberalismo político (“Esquerda e Direita – Razões e significados de uma distinção política”, Ed. UNESP, São Paulo, 1995), define a questão da igualdade e da desigualdade social e natural como sendo a base da permanência secular e o ponto mais radical e recorrente da antítese esquerda/direita. Um vespeiro que costuma ferroar quem nele mete o bedelho.

Segundo Bobbio, “em nome da igualdade natural, o igualitário condena a desigualdade social; em nome da desigualdade natural, o inigualitário condena a igualdade social”. A direita considera a desigualdade entre os homens como fato natural, não eliminável (ou só eliminável com o sufocamento da liberdade) e útil, na medida em que nela radica a incessante luta do individuo que resulta no melhoramento da sociedade. A ideia de que a prática continuada de “vícios privados” (concorrência, competitividade, egoísmo) termina por resultar em “virtudes públicas” (crescimento, progresso) é cara aos ideólogos da direita.  

É ainda Bobbio quem atualiza a história da contenda. Reconhece que “em geral, qualquer extensão da esfera pública por razões igualitárias, na medida em que precisa ser imposta, restringe a liberdade de escolha na esfera privada, que é intrinsecamente não igualitária, pois a liberdade privada dos ricos é muito mais ampla do que a liberdade privada dos pobres”.  Esse tipo de “perda de liberdade privada”, claro, atinge mais o rico do que o pobre.  A dificuldade do pobre em escolher o meio de transporte, o tipo de escola, o conforto no morar, o bem vestir, etc. decorre não de uma imposição pública, mas de uma situação econômica interna à esfera privada. 

A questão da desigualdade é a matriz das mil e uma faces adquiridas pela polarização esquerda-direita ao longo do tempo. Uma sequência infinita e inesgotável: identificação com os de baixo, ou com os de cima; com os países da periferia ou os do centro do capitalismo; com os insatisfeitos ou com os conformistas; com a naturalização da pobreza ou com a luta incessante pela justiça; com a universalização dos direitos ou “política focada”; interesse público ou mercado; solidariedade ou competição...

Sempre houve, ao longo dos séculos, gente empenhada em decretar, sem sucesso duradouro, a falência ou desatualização desta tradicional dicotomia. Logo, Gilberto Kassab e Marina Silva não são pioneiros solitários. Pelo contrário. Navegam na crista da onda.  A ideia de que a polarização esquerda-direita é uma antiguidade do século passado, quando ainda havia história, está na moda e desfila fulgurante nas passarelas do fundamentalismo de mercado. 

Como o existencialismo nos tempos da “chiquita bacana”, a moda agora é outra: o “pós-tudo” e o “neo-nada”. Um tempo de valorização exacerbada da imanência, da “presentificaçao”, da “agoridade”, da propaganda massiva, do espetáculo.  Por outro lado, nunca como agora a extrema racionalidade e a eficiência técnica, indiscutíveis no interior das grandes corporações privadas, geraram tantos monstros na vida social. O mercado manda na política e a cultura explode em milhares de fragmentos desconexos. 

O condomínio do poder alimenta partidos de contornos indefinidos, costurados para injetar sustentabilidade a um determinado padrão de política. A pequena política que administra coisas, não questiona o sentido geral da ordem dominante e trabalha a aceitação resignada do existente como natural e imutável. É o casamento da fina flor do “pós-moderno” com a nossa velhíssima tradição autoritária, que só comporta mudanças controladas de cima, dentro da ordem e cozinhadas no fogo brando da “geleia geral brasileira”.  

É a panela comum na qual se dissolvem duas figuras tão díspares e vindas de mundos contrapostos, Marina e Kassab, que usaram as mesmas palavras para definir o perfil de seus projetos partidários. Mau sinal. Segue sólida a hegemonia da pequena política e, tudo indica, teremos mais um partido “prêt-à-porter”.
   


* PRÊT-À-PORTER = pronto para levar ou, nesse caso, pronto para ser comprado.

LÉO LINCE no blog do Chico Alencar