segunda-feira, 24 de junho de 2013

Diretoria do SEPE convoca paralisação unificada nessa quinta, dia 27


Atenção: diretoria do Sepe convoca paralisação unificada 

A diretoria do Sepe, em reunião extraordinária realizada hoje (segunda, dia 24), decidiu convocar uma paralisação conjunta (rede estadual e municipal do Rio de Janeiro) de 24 horas nessa quinta-feira, dia 27. 

A diretoria do Sepe está se reunindo ainda hoje com outros setores dos trabalhadores para reforçar a paralisação.

A paralisação faz parte do esforço dos profissionais de educação para levar para as ruas as nossas reinvindicações – nessa terça daremos mais detalhes sobre a mobilização.

SEPE Central


PM coloca tropa de prontidão e recebe caminhão de água para dispersar manifestantes!

Missão dada é missão cumprida: Manifestante é tudo badernista,  água neles!
Na semana seguinte à onda de protestos que deixou um rastro de destruição no Rio, a Polícia Militar adotará novas estratégias para dispersar manifestantes. Além do gás lacrimogêneo, do spray de pimenta e das balas de borracha usadas na semana passada, os policiais do Batalhão de Choque agora tem à disposição um caminhão-pipa equipado com mangueira de alta pressão e tanque.

O veículo foi escoltado por batedores do Choque, anteontem, até o batalhão, na Cidade Nova. Caminhões semelhantes são usados em outros países — a Turquia é um exemplo recente — para dispersar manifestantes.

Além do novo caminhão, policiais do Choque ouvidos neste domingo pelo EXTRA afirmaram que houve renovação do estoque de armas não-letais. A PM nega o fato.
No boletim interno da Polícia Militar publicado na última sexta-feira, o Comando-Geral da corporação determinou que todo o efetivo entrasse em regime de sobreaviso. A medida passou a valer neste sábado. Todas as unidades operacionais terão efetivo diário de 50 policiais para atuar em manifestações nas suas áreas de atuação.

Destes, 30 formarão uma tropa de choque para dispersar manifestantes, e 20 PMs serão usados em patrulhamento para "busca e apreensão" em áreas de protestos. Apesar da publicação no boletim da corporação, a PM diz que a escala de serviço não sofreu alterações.

Cerca de 500 homens do 5º BPM (Praça da Harmonia) estarão no batalhão para reforçar o policiamento num eventual protesto, nesta segunda-feira à tarde. O objetivo é evitar que policiais voltem a ficar acuados por manifestantes, como na última segunda-feira, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A PM não confirma o efetivo do batalhão "por questões estratégicas".

Manifestantes numa rede social da internet divulgam informações contraditórias sobre a realização de um protesto nesta segunda-feira. Os grupos Anonymous Rio e Fórum de Lutas Contra o Aumento da Passagem anunciam que não haverá manifestação. Entretanto, o Grupo Nova Era Brasileira confirma uma caminhada, que se concentrará às 17h na praça da Igreja da Candelária, no Centro do Rio. Até a noite deste domingo, mais de 30 mil pessoas confirmaram participação.


Comentário: O Governo fascista do Rio de Janeiro, sob o comando de Sérgio Cabral (PMDB) e do secretário Beltrame, mostram como eles respondem a reivindicações populares: porrada neles!!!  Como ficou feio pra imagem do estado a PM disparando balas de borracha e bombas de gás em manifestantes desarmados e pacíficos, ele s precisaram apelar para o canhão de água e a arma sônica! Parabéns Cabral, você a cada dia demonstra mais o seu respeito pela democracia e pelas demandas populares.

A TV organiza a massa

Como o Passe Livre disse que não convocaria mais atos, a Globo assumiu o comando. Qual será o próximo?
Pena que a regulamentação dos meios eletrônicos está engavetada. Se houvesse outras vozes no ar, teríamos mais chance de evitar o golpe anunciado

A TV, chamada de “Príncipe Eletrônico” pelo sociólogo Octavio Ianni, está conduzindo as massa pelas ruas brasileiras. À internet coube o papel de convocar, à TV de conduzir.

Ao perceber que o movimento não tinha direção e poderia assumir bandeiras progressistas, as emissoras de TV, com a Globo à frente, passaram a conduzi-lo.

Nos primeiros dias, para as TVs, eram vândalos que estavam nas ruas e precisavam ser reprimidos. Reproduziam em linguagem popular o que pediam os editoriais da mídia impressa.

"Este não foi um movimento partidário. Dele participaram os setores conscientes da vida política brasileira" (Editorial de O Globo, 2/4/1964)

Não esperavam, no entanto, que o movimento ganhasse as proporções que ganhou. Longos anos de neoliberalismo exaltando o consumo e o individualismo tiraram de algumas gerações o prazer de fazer política voltada para a solidariedade e a transformação social.

Os partidos que poderiam ser eficientes canais de participação passaram a se preocupar mais com o jogo do poder do que com debate e o esclarecimento político, tão necessário na formação dos jovens.

Tudo isso estava engasgado. O movimento do passe livre serviu de destape. Reprimido com violência como queria a mídia, ele cresceu. Milhões foram às ruas em repúdio ao vandalismo policial daquela quinta-feira (13).

As bandeiras, ao se multiplicarem, diluíram. A história registra o surgimento, nesses momentos, de líderes carismáticos ou de militares bem armados para levar as massas à trágicas aventuras. Alemanha nos anos 1930 e o Brasil em 1964 são apenas dois exemplos.

Em 2013, quem assumiu esse papel foi a TV. Percebendo a grandeza física do movimento, mudou o discurso e passou a exaltar a “beleza” das manifestações. Ofereceu para elas as suas bandeiras voltadas para assediar o poder central.

O grito genérico contra a corrupção ecoa a tentativa de golpe contra o governo Lula em 2005, ensaiado pelos mesmos agentes de hoje. Naquela época o esforço era maior. A TV tinha de convencer a massa a ir para a rua. Em 2013 ela já estava caminhando, era só entregar as bandeiras.

É o que estão fazendo com todo empenho. A exaltação ao povo que “acordou” foi só o começo. O JN, na sexta-feira (14), censurou uma entrevista dada no Rio por uma integrante do Movimento do Passe Livre, Mayara Vivian. Enquanto ela falava dos ônibus, tudo bem. Mas a parte em que ela defendia a reforma agrária, a reforma política e o fim do latifúndio no Brasil foi cortada pela censura global. Esses temas não fazem parte das bandeiras da família Marinho.

A mudança da grade de programação, com a troca da novela pelas manifestações “ao vivo”, na última quinta (20), é ainda mais emblemática. Sinalizou para o telespectador que algo de muito grave estava ocorrendo e ele deveria ficar “ligado na Globo” para “entender” a situação.

Tanto entenderam que às 20h30 centenas, se não milhares de pessoas, continuavam a sair das estações do Metrô na Avenida Paulista. Iam se juntar aos “apolíticos” que hostilizavam os militantes partidários insuflados por “pitbulls” (jovens parrudos) estrategicamente postados ao longo da avenida. Pela minha cabeça passaram imagens das brigadas nazistas vistas no cinema.

Os cartazes tinham de tudo. Alguém disse que era um “facebook” real. Cada um “postava” na cartolina a sua reivindicação. E a TV até disso se aproveitou.

Na sexta pela manhã, Ana Maria Braga ensinava como as mães deveriam orientar seus filhos na confecção desses cartazes. Como o Movimento pelo Passe Livre já disse que não iria mais convocar novas manifestações, parece que a Globo assumiu o comando. Quando será o próximo ato? Saiba na Globo.
Fustigado nas ruas e nas telas, o governo para responder, tem de se valer da mesma TV que o ataca. Julgou, como julgaram outros governos, que isso seria possível e por isso não constituiu canais alternativos de rádio e TV capazes de equilibrar a disputa informativa (a presidente Cristina Kirchner não entrou nessa).

Sem falar na regulamentação dos meios eletrônicos cujo projeto formulado ao final do governo Lula está engavetado. Se houvesse sido enviado ao Congresso e aprovado, outras vozes estariam no ar. Teríamos mais chance de evitar o golpe anunciado.

RBA

sábado, 22 de junho de 2013

Casa de Cabral sitiada!

Ocupação na esquina da Rua Aristides Espínola, no Leblon, onde mora o governador Sérgio Cabral 
Manifestantes acampam em frente à casa do governador Sérgio Cabral

Dezenas de manifestantes permanecem ocupando o trecho da Avenida Delfim Moreira, próximo à casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon. 

A via está interditada na altura da Avenida Niemeyer, no sentido São Conrado, e o trânsito está sendo desviado pela Avenida Ataulfo Paiva e pela Rua Humberto Campos. A Polícia Militar está no local e a manifestação segue pacífica.
O protesto no Leblon começou no início da noite da sexta-feira. 

Centenas de pessoas caminharam cerca de seis quilômetros, a partir da estação de metrô da General Osório, pela Avenida Vieira Souto. Apesar do temor dos comerciantes, que fecharam as lojas mais cedo, o grupo seguiu pacificamente pela orla. Entre as reivindicações estavam melhorias na saúde e na educação pública.

Eles seguiram até a esquina da Rua Aristides Espínola, no Leblon, onde mora o governador Sérgio Cabral. Uma barreira formada por policias impediu que o protesto chegasse à portaria do imóvel onde ele vive com a família. 
Por volta das 22h, o grupo ficou reduzido a cerca de 20 pessoas, que ainda ocupavam a Avenida Delfim Moreira, no sentido São Conrado.

Extra

Esquerda e Direita: Globo e os Protestos



A Globo não quer que partidos de esquerda protestem ao seu lado nas ruas.

Ao hostilizar pessoas de partidos políticos na manifestação, você não está sendo só contra a liberdade de expressão e a democracia, você também está agindo exatamente como a Globo, a Folha e a Veja quer que você aja!
PC

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Rogério Carvalho: O apartidarismo ,o Niilismo e o Fascismo

O apartidarismo ,o Niilismo e o Fascismo

Este é um momento lindo que eu sempre esperei viver pra ver no Brasil, mas e daí? Muita gente anda dizendo por aí, erroneamente, que o Brasil passa por uma revolução. O que presenciamos são apenas várias revoltas sem qualquer direcionamento ideológico.

O brado do apartidarismo e do NADA ideológico que caracterizam tais manifestações é o que as distinguem de atos revolucionários. Revolucionar é inverter ou transformar estruturalmente uma sociedade.  Diminuir o preço da passagem podemos conseguir com uma revolta, mas transformar de verdade um país, só através de uma revolução. "Educação!" "Saúde!" "Emprego!" "Fim da corrupção !!!" No grito? Se grito resolvesse porco não morria. Por outro lado,a violência pela violência que grassa pelas ruas de nada adianta. 

É o nada! É o niilismo! É morrer e matar em nome de nada.É pura revolta.

Uma revolução se faz com ideias. Qual é a ideia que norteia o que vivemos. Indignação? Indignação não é ideia, é sentimento. Revolucionar é direcionar a indignação sob a tutela de um ideal. De nada adiantou preocupação com a não "partidarização" do movimento, porque os oportunistas aparelhados lá estavam, como que se por um encanto, tivessem se convertido de exploradores dos cofres públicos em defensores das causas populares. 

Por falar em exploradores, porque não focar na Constituição? Por que não exigirmos o fechamento do Congresso e a inelegibilidade dos que lá estão? Afinal, nada vai mudar enquanto os deputados e senadores que representam a elite vampira lá continuarem. O povo precisa se apropriar das "máquinas de fazer leis " que no Brasil sempre pertenceram às elites!

A falta de um direcionamento para esse momento de indignação poderá contribuir para uma reação militar ou até mesmo para a ascensão de grupos de extrema-direita. A desordem agrada àqueles que defendem o "deixe tudo como está". "O gigante acordou", mas permanece inerte, carente de uma direção que o leve pra longe de viver um novo pesadelo.
Rogério Carvalho é presidente do PSOL Cabo Frio

Professor Rogério Carvalho

Movimento Passe Lrive anuncia que não vai convocar novas manifestações

Após a redução da tarifa dos transportes públicos -- comemorada em ato marcado pela hostilidade contra militantes de partidos -- o MPL (Movimento Passe Livre), que vinha convocando as manifestações desde a semana retrasada, irá suspender temporariamente este tipo de evento.

"O MPL não vai convocar novas manifestações pelos próximos dias. Atingimos nosso objetivo, que era a revogação do aumento, e agora vamos avaliar a situação", afirmou Douglas Belome, do MPL.

O militante também condenou a hostilidade contra os partidos, que marcou os atos em São Paulo e no Rio de Janeiro. "Essas legendas estavam conosco desde o início compondo a luta contra o aumento e pela revogação, não são oportunistas". 

Belome se mostrou contrário a diversas 'pautas conservadoras' que engrossaram a manifestação. "Nos últimos atos pudemos ver pessoas pedindo a redução da maioridade penal e outras questões que consideramos conservadoras. Não endossamos essas reivindicações".

Segundo Douglas, o MPL luta por transporte público, mas apoia outros movimentos sociais que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. "Continuaremos lutando pela tarifa zero, colhendo assinaturas para viabilizar um projeto de lei nesse sentido."

O que é o MPL
Organizado nacionalmente desde 2005, o Movimento Passe Livre se define como "apartidário, mas não antipartidário". Defende a "expropriação do transporte coletivo" sem indenização e apoia "movimentos revolucionários que contestam a ordem vigente". Essas diretrizes constam da Carta de Princípios, documento aprovado em paralelo ao 5º Fórum Social Mundial, ocorrido em janeiro de 2005, em Porto Alegre.

A única modificação feita desde então foi aumentar o objetivo do movimento: de passe livre estudantil para passe livre "irrestrito". De hierarquia "horizontal", o MPL evita lideranças individuais. Os documentos aprovados são assinados apenas pelo movimento. Outra orientação é ser "cauteloso" com a "mídia corporativa", pois é ligada "às oligarquias do transporte e do poder público".

Sobre as "perspectivas estratégicas", o MPL diz que não tem "fim em si mesmo". A meta é "fomentar a discussão sobre aspectos urbanos como crescimento desordenado das metrópoles, especulação imobiliária e a relação entre drogas, violência e desigualdade social".

Além de São Paulo, o MPL, formado principalmente por universitários, está organizado pelo menos em outras seis cidades brasileiras, incluindo as capitais Brasília, Vitória, Florianópolis e Goiânia.

"Trata-se, em certo sentido, de algo, se não inédito, ao menos relativamente novo no âmbito das lutas urbanas das últimas décadas", afirma o geógrafo Marcelo Lopes de Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e simpatizante do MPL.

"O predomínio sempre foi de formas de organização vertical e mais ou menos centralizada", completou.

UOL

Janira Rocha: Cabral mandou prender os Vândalos

A gangue dos guardanapos de Cabral: os verdadeiros Vândalos do patrimônio público
Alô Policiais, Cabral mandou prender os Vândalos que destroem o Patrimônio Público!

Peguem seus cassetetes, suas bombas, seus rifles potentes que estavam sendo usados ontem contra Estudantes, trabalhadores, crianças e donas de casa no Centro da Cidade e vão a luta.

Vão prender quem fechou os Hospitais Públicos do Povo - São Sebastião, IASERJ, Pedro II - pode pegar quem deu a ordem e barbarizar.

Peguem também quem fechou 50 escolas este ano, que mantém crianças analfabetas numa 4º série, quem rouba a merenda escolar. Jogue gás de pimenta nos olhos desta corja.

A gangue dos guardanapos, sócias de empreiteiras, corruptas que superfaturam Obras, cobram caixinhas de 40%, recebem "doações" de campanha do dinheiro que repassam para seus sócios privados - esses então pode baixar "o corretivo"...

Fiquem despreocupados, pode barbarizar, afinal o Governador Cabral acabou de dizer agora na TV que lugar de bandido é na cadeia e que toda as ações dos Policiais visa coibir maus elementos. Pau nesta corja peçonhenta, prisão de segurança máxima, de preferência em bangu 1 que foi pra onde levaram os bombeiros.

Sou contra bandido bom é bandido morto, acho que a corja tem que sofrer, cadeia neles, cassação de todos os direitos políticos, retiremos deles todos os bens que eles roubaram do Povo. 

Tá na hora, chega de conversa: Impeachment no Cabral - Fora Cabral! O resto vemos depois...
Janira Rocha

Os fascistas querem tomar as ruas

Cenas deploráveis foram presenciadas nas manifestações desta quinta-feira (20). Pegando carona nos atos para festejar a redução das tarifas do transporte público em várias cidades, milícias fascistas e grupos de provocadores saíram às ruas para rasgar bandeiras de partidos e agredir militantes de esquerda.

Aproveitando-se de um sentimento difuso contra a política, estimulado diariamente pela mídia oligopolizada e golpista, estas hordas espalharam o pânico. As forças democráticas da sociedade precisam rapidamente rechaçar estes atentados, que colocam em risco a democracia brasileira. É preciso alertar os mais inocentes para eles não se tornem massa de manobra dos grupos fascistas.

Na Avenida Paulista, centro de São Paulo, uma minoria de vândalos atacou militantes do PT, PCdoB e MST. Aos berros, pessoas mascaradas gritavam “ditadura, já” e dirigiam ataques raivosos contra a presidenta Dilma Rousseff, eleita pela maioria do povo brasileiro. No Rio de Janeiro, sindicalistas da CUT foram cercados e agredidos e tiveram suas bandeiras arrancadas. Militantes do PSTU e do PSOL também têm sido alvo de provocações. O grito de guerra entoado por estes setores intolerantes é “sem partido” – numa negação à luta política e democrática, que traz à memória as péssimas lembranças da ascensão do nazifascismo na Europa e dos golpes militares na América Latina.
Até setores que apostaram na radicalização, sonhando com “a revolução na próxima esquina”, estão assustados. Como escreveu Valério Arcary, respeitado dirigente do PSTU, os ataques são “covardes” e partem de pessoas “mascaradas, alimentando a ilusão de que a intimidação física é o bastante para vencer na luta política... O antipartidarismo, mais grave quando se dirige contra a esquerda socialista, é uma ideologia reacionária e tem nome: chama-se anticomunismo. Foi ela que envenenou o Brasil para justificar o golpe de 1964 e vinte anos de ditadura. Não deixem baixar as bandeiras vermelhas. Foram os melhores filhos do povo que derramaram seu sangue pela defesa delas”.

A presença destas hordas fascistas já tinha se manifestado antes desta quinta-feira. Como registrou José Francisco Neto, do jornal Brasil de Fato, “na segunda e na terça-feira, a reportagem constatou sensível diferença nos atos comparando-os com a semana anterior. Os gritos não eram os mesmos puxados pelos movimentos sociais. As bandeiras de partidos não foram mais estiadas. Muitas, inclusive, foram impedidas de serem levantadas por um grupo de pessoas que pediam ‘Sem partido’... Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU não conseguiram recuar e foram agredidas”.

Blog do Miro

Os perigos da “pátria amada”

Infiltração conservadora nos protestos pode desvirtuar o movimento 
“Estamos preocupados com o rumo que esse levante popular pode tomar e com a associação dele a um discurso midiático vazio”

O intuito da pequena reflexão que segue não é desmoralizar os atos ocorridos em diversas cidades brasileiras, que começaram contra o aumento das tarifas de transportes públicos, no início de junho, e, hoje, apresentam “pautas” variadas. É justamente a pulverização dessas motivações que nos preocupam. Quais são os motivos da luta mesmo?

Na página virtual (Facebook) do Quinto Ato, marcado para o dia 17 de Junho e com mais de 240 mil pessoas com presença confirmada (já esperando os ataques bárbaros da Polícia), as enquetes conseguem fazer qualquer queixo que se preze cair. Em uma delas, que perguntava qual bandeira deve-se levantar após a baixa dos preços das passagens (se houver), algumas das propostas colocadas como motivo de mobilização (mesmo que não muito votadas) são: cancelamento da Copa do Mundo 2014 (um tiro no pé, com todo o investimento já feito), Reforma Política (que reforma?), Segurança (mais PM nas ruas?), Diminuição da maioridade penal (sem comentários), Fim do Funk (projeto higienista manda um “Oi!”), a favor do Estatuto do Nascituro (sem comentários, de novo), CCC – Campanha Corruptos na Cadeia (não tinha um nome melhor? Quase um CCC – Comando de Caça aos Comunistas – de 1964), dentre outras propostas que preferimos não imaginar o que aconteceria caso ganhassem força.
Se por um lado, a heterogeneidade de propostas e a falta de uma liderança nos movimentos representa a possibilidade de uma relação horizontal entre os sujeitos; por outro, a falta de direcionamentos aponta para o risco de causas conservadoras se tornarem as principais do movimento agora sem nome. Não consideramos o quadro atual da manifestação como anárquico, classificação feita em algumas análises, mas como preocupante, nesse sentido.

Outro ponto bastante incômodo em relação às pessoas se organizando para o ato (e a fim de formar um movimento – longe de estar unificado), é o (perigoso) nacionalismo proposto por boa parte dos manifestantes, e presente principalmente na ideia de entoarem o Hino Nacional em coro. Em uma enquete, feita também na página de organização do ato da segunda-feira (17), a maioria esmagadora era a favor de que cantassem o Hino em massa. A verdade é que sentimentos ufanistas assustam, sobretudo por sabermos, historicamente, que nunca geraram bons frutos. Estudos apontam que o ideário nacionalista brasileiro, em sua trajetória, poucas vezes chegou às classes populares (por que será?), pertencendo aos militares. Um comentário bastante sensato feito na mesma enquete, colocou que o “hino é um instrumento que forja uma falsa unidade nacional”. Se a mundialização do capital está posta, a necessidade da mundialização da luta é latente. Para isso, nada de bandeiras do Brasil em volta de nossos corpos, nada de “pátria amada, idolatrada”.

É batido, mas Marx já justificara por A + B que “os operários não têm pátria” e, por mais que devamos lutar pelas condições horrendas as quais nos coloca o capitalismo, isso não tem a ver com o “orgulho de ser brasileiro”, mas com o orgulho de sermos humanos.

E aqui nasce uma nova preocupação: até ontem pairava no ar um espectro do oportunismo da “grande” mídia, que, aparentemente, pareceu ter sido desmistificado com as recentes publicações da Globo e seus atores com olhos pintados fazendo uma alusão à jornalista acertada covardemente com uma bala de borracha no olho, depois nos deparamos com um link a ser compartilhado nas redes sociais que trazia dicas de “Moda para protesto, roupa de guerra” – a estilista pop global, Gloria Kalil, já havia soltado no site dela opções de roupas (sic!) para ir ao ato. 

Agora, qualquer dúvida que ainda tínhamos sobre um possível oportunismo ficou clara ao nos depararmos com – o sempre tão incisivo – Arnaldo Jabor voltando atrás em relação a quando deslegitimizou as primeiras manifestações comparando-as com ações do PCC, vitimizando os policiais e ressaltando a ignorância política dos manifestantes. Ele se redime e depois compara o movimento ascendente com o, exaltado pela própria Globo, Caras Pintadas (o movimento pode ter se originado de uma indignação, mas logo foi absorvido pela maior rede de TV do Brasil… Ah! A mesma emissora que ajudou na eleição do Collor). Daqui a pouco, veremos propagandas de refrigerantes convocando o Brasil pras ruas, presenciado o maior “jogo” já visto… A arte de mercantilizar a revolução.

Pra não dizer que não falamos dos espinhos, ter os povos nas ruas, em massa, não é sempre sinal de mudança popular. Em 1964, os setores conservadores da sociedade tremeram com a “ameaça comunista” (ainda com Jango no poder), que representava, na verdade, uma “ameaça” à propriedade privada e foram às ruas, em meio milhão de pessoas, com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Dias depois, instaurada a Ditadura Militar, um milhão de pessoas marcaram presença na Marcha da Vitória, comemorando o início de duas das piores décadas que já vivemos. Estamos preocupados com o rumo que esse levante popular pode tomar e com a associação dele a um discurso midiático vazio.

Não queremos ver uma marcha à la TFP, com pessoas vestidas de branco, cantando o hino e levantando bandeiras com os dizeres “Cansei”. Precisamos de sujeitos engajados em uma luta comprometida com os movimentos sociais e populares, aliados aos anseios dos trabalhadores!

Reiteramos, mais uma vez, nosso ânimo e contentamento em viver tudo isso, mas mantenhamos os pés no chão para não defendermos um discurso uníssono no qual o senso comum pode se misturar com o que deveria ser um discurso crítico e de esquerda.

Pragmatismo Político

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Marcelo Freixo: O Prefeito do Rio Mente!

Deputado Marcelo Freixo (PSOL)
"A representatividade política desse Parlamento é muito ruim, por isso tem medo da sociedade, mas não é destruindo o prédio da Alerj que vão conseguir essa mudança política. É ocupando as ruas. 

Sete capitais já reduziram o valor passagem e isso se deu pela forte capacidade de mobilização da sociedade. Nesse sentido, o prefeito do Rio mente de forma irresponsável dizendo que aceita receber a liderança do movimento, que ele sabe que não existe, de forma debochada. Diz que não vai subsidiar empresas de ônibus. Mentira. Ele já subsidia. 

O prefeito e a sua base reduziram o ISS de 2% para 0,01% e, em dois anos, deixaram de arrecadar quase R$ 100 milhões. O nome disso é subsídio disfarçado. As passagens são caras e a prefeitura não tem qualquer controle sobre as empresas. A prefeitura paga quase 50 milhões por ano para a Rio Ônibus colocar o validador que controla a frequência dos alunos da rede. Há muito dinheiro público dentro dos interesses econômicos dessas empresas. 

Queremos que tenha coragem para abrir a caixa-preta, que reveja a licitação de carta marcada que fez em 2010. É para isso que a sociedade está indo para a rua. O senhor Eduardo Paes terá que ceder como as outras capitais já fizeram, porque esse movimento vai crescer e será vitorioso", afirmou Marcelo Freixo, nesta terça-feira (18/06), no plenário da Alerj.
Marcelo Freixo

A juventude e a retomada das lutas sociais

Dado o caráter de massas das mobilizações e apoio que os jovens estão recebendo da maioria do povo brasileiro, a imprensa conservadora teve que recuar

Sem dúvida, estamos vivenciando uma mobilização espontânea da juventude mais impactante dos últimos 20 anos. O ponto de partida destes protestos está relacionado com a mobilidade urbana, com o aumento do preço da passagem e com os enormes gastos financeiros que estão sendo aplicados para a Copa do Mundo num país marcado pela profunda desigualdade social. É justa e legítima, portanto, a mobilização da juventude.

Na verdade, o processo de redemocratização da sociedade brasileira no pós-ditadura militar foi incompleto. Ele foi interrompido pelas forças neoliberais que buscaram consolidar uma democracia formal e restrita no plano da efetivação da cidadania política e social.

A ofensiva neoliberal dos anos 1990 retirou da agenda nacional reformas estruturais como a agrária, tributária, urbana, dentre outras. A derrota eleitoral das forças neoliberais não foi suficiente para a retomada de uma agenda pautada em reformas estruturais de cunho democrático e popular. Isto é explicável pelo fato de que tais mudanças só vão se viabilizar através de mobilizações de massa.

Este conjunto de mobilizações da juventude surge num momento em que a sociedade brasileira encontra-se diante de um dilema. Por um lado, as seguidas derrotas eleitorais impedem as forças neoliberais de imporem sua agenda clássica dos anos 1990. Fazem uma movimentação alternativa para, gradativamente, incidir sobre o governo Dilma.

O melhor exemplo dessa movimentação são as recentes medidas privatizantes do governo federal. Por outro lado, as vitórias eleitorais para as quais as forças populares contribuíram, também não possibilitaram as mudanças estruturais. Eis o dilema. A alternativa construída nos últimos anos foi o neodesenvolvimentismo que apresentou um programa que contempla tanto a burguesia interna quanto as forças populares. Entretanto, as reformas estruturais continuam fora da agenda política brasileira.

As mobilizações atuais da juventude têm o potencial de lançar as bases para construir força na sociedade brasileira suficiente para retomar a luta pelas reformas estruturais. Para isso, é necessário retirar a luta política brasileira da zona de conforto. E isto somente ocorrerá quando o centro de gravidade da luta de classes no Brasil se deslocar da institucionalidade para as lutas de massas.

É fundamental a construção de uma força social de massas que desmantele o arranjo institucional conservador que impede a democratização da sociedade brasileira. Uma força social que preserve as conquistas dos últimos 10 anos de governo de coalizão no plano federal, mas que avance para as mudanças estruturais.

É insuficiente apresentar para esta nova geração de jovens que não vivenciou a luta política dos anos de 1990 uma comparação entre os governos FHC e os governos Lula/Dilma. Esta comparação é importante, mas não apresenta soluções para as demandas estruturais da sociedade.

As mobilizações são sinalizações de uma nova etapa da luta politica brasileira marcada pelo retomada das lutas de massas. Os atos, marchas e protestos da juventude poderão cumprir um papel pedagógico para o conjunto da classe trabalhadora brasileira e possibilitará a entrada em cena do movimento operário.

Certamente, estas mobilizações contribuirão para formar uma nova geração de lutadores e lutadoras do povo que assumirá o compromisso de completar a redemocratização da sociedade brasileira. E isso não ocorre sem a apresentação de um projeto político pautado em reformas estruturais e que dialogue com o nível de consciência das massas.

A imprensa conservadora deu um tiro no pé ao incentivar e legitimar o governador de São Paulo Geraldo Alckmin a reprimir brutalmente a mobilização da juventude. Além disso, o dispositivo midiático conservador rotulou o movimento como uma iniciativa de “vândalos” e “grupelhos”.

Dado o caráter de massas das mobilizações e apoio que os jovens estão recebendo da maioria do povo brasileiro, a imprensa conservadora teve que recuar. Nesse momento, de forma maliciosa e estratégica, a chamada grande mídia procura disputar os rumos destes protestos. Assim, buscam imprimir na cobertura dos atos um apoio fundado em valores udenistas exaltando que são mobilizações de quem não aguenta mais a corrupção, a criminalidade, etc. Ou mesmo canalizar a luta da juventude para a oposição que as forças neoliberais fazem ao governo Dilma.

Por isso, as forças populares devem garantir o caráter popular e progressista destes atos, pois eles são apenas a ponta do iceberg.

Brasil de Fato

Eu tenho partido e tomo partido!


Esse companheiro do PSOL Niterói depois me emprestou esse cartaz que eu conduzi orgulhosamente na manifestação de ontem.

Quem não quer partidos políticos nas passeatas é a Rede Globo. Ela aposta na esterilidade do movimento. 

Se as pessoas não se organizarem em sindicatos, associações de moradores, grupos LGBTTs, movimentos culturais, movimentos de mulheres, grêmios estudantis, partidos políticos, as manifestações vão passar e tudo ficará como sempre.

Eu sou do PSOL e estou SEMPRE na LUTA!

Commentariolus: Manifestação Passe Livre


1) A Manifestação ontem contou com aproximadamente 3mil pessoas. A grande maioria de estudantes. Foi muito bonito ver essa juventude toda mobilizada. PARABÉNS!!!

2) Encontrei com alguns de meus alunos, o que me deixou muito orgulhoso, e alguns colegas professores (poucos). A galera do PSOL Cabo Frio estava toda lá (como sempre esteve em todas as demandas populares), inclusive Claudio Leitão e Rogério Carvalho. Ficou nítida a presença de pessoas ligadas ao governo e ao grupo dos mendes, inclusive alguns candidatos a vereador nas últimas eleições.

3) A PM se posicionou na prefeitura esperando que as pessoas seguissem naquela direção, mas uma vez posta em marcha, a manifestação seguiu seus próprios rumos! O som que arrumaram estava uma bosta, verdade seja dita, qualquer pessoa com um daqueles megafones de R$1,99 tinha mais alcance do que os que usavam o microfone do carro de som.

4) Um grupo tentou "controlar" os rumos da passeata, mas deu com os burros n'água. Queriam que as pessoas fizessem o contorno na Só Rações e voltassem para a praça Porto Rocha, mas os manifestantes seguiram para a garagem da Salineira, onde gritaram palavras de ordem contra a empresa e suas tarifas. 

5) Tinha uma pessoa que ficava toda hora pedindo para os manifestantes sentarem e claro que ninguém obedecia! Tá de sacanagem, o pessoal levou 20 anos pra se levantar e agora fica um zé prego pedindo pras pessoas sentarem?! É Manifestação, é revolta popular, é todo mundo de pé mesmo!!!

6) Um grupo de 30 a 40 policiais estava na garagem da Salineira para "garantir a segurança" dos manifestantes, afinal de contas, essa empresa é famosa pelo maus tratos contra a população. Só discorda disso quem não anda de ônibus!

7) Um grupo de manifestantes ficou em frente da garagem da Salineira, cerca de 1000 pessoas, ou como disse o camarada Thiago - "umas 20 salas de aula de escola estadual", Outro grupo, maior, seguiu para a garagem da 1001. Eu fiquei com o grupo na Salineira até a dispersão e não soube do outro grupo.

8) Quando um representante da empresa apareceu e chamou representantes do movimento para conversar o que se ouviu foi um clamor geral por audiência pública! A professora Denize Alvarenga apareceu por lá orgulhosa de suas novas tatuagens em comemoração por seu aniversário. Parabéns, camarada!

9) A Salineira queria marcar para 2ª feira uma audiência com as lideranças do movimento, mas quem estava lá preferiu decidir os rumos do movimento numa nova reunião com mais representatividade. Nesse momento deveria ter umas 50 pessoas, no máximo, e a polícia já tinha ido embora.

10) Ficou decidido que haverá uma nova reunião, nesta 5ªfeira 20/06, na praça Porto Rocha às 16h.  

terça-feira, 18 de junho de 2013

O povo não é bobo. Fora rede Globo!!!

Em São Paulo, a concentração se deu no Largo da Batata. Para quem não conhece a cidade, o largo fica no início da Rua Teodoro Sampaio, uma importante ligação entre a Cidade Universitária e a Faculdade de Medicina da USP, na Avenida Dr. Arnaldo, bem "na cara" da Avenida Paulista.

Já no ponto de partida, o repórter Caco Barcellos, um dos mais respeitados jornalistas da TV Globo em atividade e, talvez por isso, escalado por Ali Kamel para cobrir o evento, foi expulso com sua equipe do local, não pelo que ele representasse, mas pelo amargo significado que tem o logotipo que ele ostentava no cubo que vai acoplado ao seu microfone.
A expectativa era a de que a marcha convocada na semana passada seguisse em direção à região central. Por isso, a maior parte do efetivo policial ficou concentrada no bairro de Pinheiros e adjacências, onde estava o ponto de partida, e em toda a subida, até a mais paulista das avenidas.

Só que ninguém esperava que o grupo se dividisse e marchasse em três frentes, uma parte em direção à Paulista, outra pela a Av. Faria Lima, em direção à zona Sul e mais uma em direção à Marginal do Rio Pinheiros, também sentido zona Sul. Na altura da ponte Cidade Jardim, havia a expectativa de que os manifestantes entrassem à direita e rumassem para o Palácio do Governo, no Morumbi.

Só que, surpreendentemente, eles seguiram em direção à zona Sul, mais precisamente no sentido do bairro do Brooklin, que é onde está a sucursal paulistana da TV Globo. Enquanto isso, o grupo que seguia pela Av. Faria Lima, entrou pela Av. Luis Carlos Berrini, também em direção à Globo.

Por volta das 20h30 eles estavam diante da sede da emissora, só que sobre a Ponte Estaiada. Foi quando a manifestação atingiu seu ápice. Aglomerados sobre os dois braços do novo monumento da cidade, todos entoaram o hino nacional.

Muitos gritavam palavras de ordem, como: o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo. Um sinal de que o descontentamento passa, não só pela forma como os governos agem, em benefício próprio, mas como a mídia perpetua as desigualdades sociais, quando cede aos seus próprios interesses, ou aos de seus patrocinadores.
Amedrontados, muitos assistimos pela TV, com o temor de que o "espírito de corpo" rompesse com o sentimento de civilidade e explodisse em cenas de fúria, vandalismo e destruição. Mas por incrível que pareça, sem Tropa de Choque e sem Rota, desta vez, o que se viu foi a mais autêntica e pacífica manifestação de cidadania.

São Paulo deu uma lição ao país, ao governador, ao prefeito e à maior emissora de TV do Brasil. E o recado foi claro: ou mudamos a maneira como fazemos política e democratizamos o acesso à informação, ou a insatisfação só tende a aumentar, e aí, bem amigos, aí ninguém garante.

Desculpem o transtorno, estamos mudando o Brasil!

DoLaDoDeLá

Chico Alencar: Além dos 20 centavos

A inédita mobilização que as redes sociais promovem cutuca quem exerce função pública e os partidos políticos brasileiros. Destaque-se que a fragilidade organizativa da movimentação NÃO indica que a esse despertar ativista faltará continuidade e ampliação: há um caldo de cultura de descontentamento geral.

Pela primeira vez em quase meio século de presença em manifestações de rua - desde 1966 (contra a ditadura) - vi tamanha multidão sem carro de som, sem coordenação explícita, sem lideranças personalizadas. O clima bonito, de cidadania plural reunindo todas as 'tribos', diz, de maneira difusa mas não confusa, o que quer.  Algumas faixas e um mundo de cartazes artesanais expressavam críticas aos governantes - de todos os níveis -, aos abusivos gastos públicos com a Copa,  à repressão policial, loas ao despertar de consciência, estímulo ao fazer histórico, pedidos de apoio à cultura popular, defesa da educação e saúde públicas de qualidade, repúdio à corrupção e... aos partidos. A despeito disso, as consignas são todas políticas, por óbvio.

Bandeiras de partidos no ato foram tensionados o tempo todo: "Ei, você aí, a bandeira do protesto é a bandeira do Brasil". Identificado por muitos, não sofri qualquer repto - para minha própria surpresa. Brinquei com alguns jovens: "mas eu tenho partido, tomo partido!"  Eles riam e diziam que me "aliviavam" porque eu "era honesto".  O repúdio, portanto, parece ser ao padrão dominante na política, marcada pelo fisiologismo e pelas negociatas.  Negação saudável da politicagem reinante. A moçada, que só conheceu o PT do poder e não vê nele 'ethos mudancista', quer uma ideologia para viver - e não a tomada do Poder. A maioria não identifica nos partidos - nem nas entidades de trabalhadores e estudantes 'oficializadas' - a dimensão utópica do vir a ser.  No limite, diria que os jovens não enxergam a grande Política nos partidos políticos, e têm razões para isso.

Junto a essa forte descrença também há sonho: "Desculpe o transtorno, estamos mudando o país" é consigna recorrente, emblema do aspecto genérico e diverso dos protestos. Trata-se de um processo educativo, de ensaio e erro. Comparo essa ojeriza à política ao vômito quando comemos alguma coisa estragada. Depois de lançá-la fora dá um alívio, o mal estar passa e a gente volta a ter apetite. A política institucional no Brasil anda mesmo muito apodrecida e privatizada. Urge celeridade e vontade, na política oficial, para afinal avançar rumo a uma Reforma que aproxime a representação dos representados, e não apenas das grandes corporações que financiam as campanhas vitoriosas, como atualmente. É imperativo imediato ampliar os mecanismos efetivos de participação direta da população.

Acredito que o processo de amadurecimento desses movimentos, que fogem inteiramente aos padrões clássicos, inclusive dos partidos de esquerda, implicará em que eles tenham mais organicidade e comando, até para dialogar com as autoridades do questionado Poder e dar consequência aos seus justos pleitos. Sem pauta definida, mesmo ampla, e interlocutores chancelados, o redemoinho das ruas não sustentará em longo prazo essa comovente agitação cidadã.

No bojo da movimentação de massa, há grupos minoritários que entendem que é preciso confrontar os símbolos do Poder de forma direta e violenta. Eles, 'autonomistas', não aceitam outra orientação que não a própria e julgam estar realizando 'atos revolucionários' quando tentam tomar prédios públicos ou atacar agências bancárias e outras lojas. Em toda cidade grande há segmentos assim e setores sociais inorgânicos que aderem facilmente às depredações em um espaço urbano que lhes é, no cotidiano, hostil.  Estes, com suas ações laterais e de pouca racionalidade, não representam a maioria que tem ido às ruas, mas podem criar desgaste e antipatia em relação aos  protestos democráticos e pacíficos dos quais emergem como 'cauda envenenada'. 

Chico Alencar é deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro.

Chico Alencar

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Movimento FORA Salineira!

Violência policial marca dia de protesto no Maracanã

Bombas e gás contra os manifestantes
Até pessoas que não estavam na manifestação foram atingidas na Radial Oeste e Quinta da Boa Vista

A Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, e o entorno do Maracanã pareciam cenários de uma guerra durante a manifestação de estudantes contra o aumento do custo de vida, neste domingo. Numa ação em que mostrou despreparo, o Batalhão de Choque usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo e de pimenta contra o grupo de cerca de duas mil pessoas que protestava de forma pacífica. 

Sobrou até para quem estava só passando por perto. A Polícia Militar, no entanto, negou que tenha havido excesso e afirmou que vai repetir a tática quando obstruírem vias (no caso de ontem, as que davam acesso ao estádio foram bloqueadas).
O grupo repetia gritos de guerra como ‘Sem violência’ e ‘Choque, eu te amo’. “Isto aqui é uma manifestação pacífica, então vamos combinar: quem tem pavio curto fica atrás. Quem tem paciência vai na frente. Sem violência, sem palavrão e sem máscaras. Ninguém precisa esconder o rosto”, orientou o estudante de direito Adolfo Vieira Tavares, 28 anos. 

Muitos pais amarraram camisetas nos rostos das crianças para que elas não respirassem a fumaça das bombas lançadas na Quinta, onde parte dos manifestantes se aglomerou fugindo do Choque. Famílias que faziam piquenique saíram correndo. O portão do parque chegou a fechar. 

“Só queria passar o domingo com meu filho. Estou chocada. Ele começou a chorar com o barulho dos tiros e com a ardência na garganta da fumaça”, contou a secretaria Maria José Silveira, 28. A confusão acabou com a festa de aniversário da filha de 9 anos da psicóloga Kelly Campos, 42: “As crianças estão assustadas. Não tem clima mais”.

A ação da polícia não poupou nem quem tentava embarcar na Estação de São Cristóvão, onde o metrô fechou depois da confusão. O militar Artur Bandeira e a namorada, Rayanne Oliveira, foram surpreendidos com bombas nos acesso às plataformas. Hoje haverá manifestação às 17h na Cinelândia.

Torcedores que iam ao jogo atingidos 
A primeira ação da polícia começou cerca de 20 minutos antes das seleções do México e da Itália entrarem em campo. Foi em frente ao Viaduto Oduvaldo Cozzi, onde os manifestantes se agrupavam. No momento da confusão, torcedores que chegavam ao estádio acabaram também atingidos pelas bombas lançadas pelo Batalhão de Choque.
A estudante Erika Sampaio, 23 anos, que sofre de asma, ficou desmaiada por alguns minutos. Ela foi socorrida por colegas, que a carregaram no colo até um dos locais onde a fumaça das bombas estava mais fraca. O grupo se dispersou, mas se reuniu novamente em frente à Quinta. 

Não demorou meia hora para que a polícia voltasse a agredir os manifestantes, que tentavam se rearticular. Da Quinta, grupo de 500 manifestantes foi levado para a 18 ª DP (Praça da Bandeira), onde sete pessoas foram detidas para averiguação. No local, estava a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, que conversou com os jovens rapidamente. Ela não quis falar sobre a ação da Polícia Militar, mas fez questão de atender o advogado do grupo detido.

NEGOCIAÇÃO NO PARQUE 
Manifestantes saíram com as mãos para o alto, encurralados. Fotógrafo ficou ferido. Encurralados pelo Choque, estudantes buscaram refúgio perto do Museu Nacional, na Quinta. Muitos jornalistas e visitantes pediram aos policias que não entrassem no parque, o que não impediu que eles jogassem as bombas. 
O grupo só deixou o local após um ‘acordo’ de que não fariam mais protesto com o fechamento de vias. Por volta de 18h, os jovens, que até então só estavam armados com gritos de ordem, se ‘renderam’, saindo com as mãos para cima. Uma cena bem estranha.
Os manifestantes disseram que tentaram seguir a determinação dos agentes de segurança e encaminharam ofício sexta-feira para o 4º BPM (São Cristóvão) informando sobre o ato. Além disso, não chegaram em frente ao Maracanã. por orientação da polícia. Entre os feridos no protesto está o fotógrafo Luiz Roberto Lima, que trabalha nas agências Globo e Estado. Ele passou mal ao inalar gás lacrimogêneo.

O Dia